Publicado 23/05/2013 12:29 | Editado 04/03/2020 16:47
John Cutrim, Júnior Lima e Gutemberg Braga estiveram no debate junto com outros internautas que enviaram suas perguntas e garantiram participação. Veja abaixo as perguntas de maior destaque:
John Cutrim: Que importância você atribui à internet no processo de informação e de construção política?
Flávio Dino: A interação digital é fundamental no processo de democratização da informação. Mas o Maranhão ainda precisa avançar muito no quesito inclusão digital. Recentemente o estado foi noticiado como último colocado no ranking de usuários ligados à rede. Os dados de execução orçamentária de 2012 do governo do estado demonstram que menos de 0,5% do orçamento foi gasto com ciência e tecnologia. N há um programa de acesso gratuito a rede wi-fi, não há um programa de inclusão digital, não existe essa visão segundo a qual a informação é um direito fundamental.
Antônio Marcos Gomes (pergunta enviada pelas redes sociais): Qual a sua avaliação sobre a política de regularização de terras e reforma agrária feita pelo governo do maranhão?
Flávio Dino: O orçamento estadual destinado à organização agrária, principalmente no item reforma agrária, é irrelevante. Ou seja, não existe uma política de distribuição organizada de terras, e, ao mesmo tempo, de assistência técnica. Não há uma dimensão da importância e do papel da agricultura familiar para o desenvolvimento do nosso estado, contribuindo não só para a produção de alimentos, como também para a geração de emprego e renda. Propomos um grande pacto pela produção envolvendo financiamentos, assistência técnica e distribuição de terras que impulsione a agricultura familiar para além do patamar da subsistência.
Lucília Santos (enviada pelas redes sociais): A que você atribui a péssima qualidade da educação no Maranhão?
Flávio Dino: Assim como o estado não tinha o Ensino Médio na maioria das cidades à época que assumiu o ex-governador José Reinaldo Tavares, até hoje não temos uma expansão do Ensino Superior. A falta de perspectivas, a falta de caminhos para que todos tenham acesso a níveis mais elevados de ensino é, na verdade, o grande responsável pelos péssimos indicadores educacionais do estado.
Aline Louise: O que tens a compartilhar sobre as experiências com o movimento Diálogos pelo Maranhão?
Flávio Dino: Através das andanças do movimento Diálogos pelo Maranhão, percebemos a dimensão da realidade de pobreza e de escassez de políticas públicas que atendam às necessidades do nosso povo. Ao mesmo tempo, temos a oportunidade de mostrar que há uma alternativa política de fato comprometida com sentimento de mudança. O principal saldo desse movimento é o combate ao pessimismo e a mobilização de talentos e energias transformadoras dos movimentos sociais, das entidades e da juventude, para a consolidação do caminho da mudança. Esperança é o sentimento que precisa estar na vida dos maranhenses. Anos e anos de abandono fizeram com que muitos vivam na desesperança e é contra isso que lutamos. O movimento Diálogos pelo Maranhão tem grande aceitação porque condiz com o sentimento do povo, que quer mudar de perspectiva. Nossos diálogos mostram que é possível mudar a realidade do Maranhão.
Gutemberg Braga: O Maranhão é campeão ao inverso nos indicadores sociais, qual a alternativa para reverter esse quadro?
Flávio Dino: O modelo de desenvolvimento que propomos para o nosso estado é baseado na ideia de verticalização das cadeias produtivas. Temos que fazer com que haja não somente o escoamento da riqueza, mas também a industrialização do estado de modo democrático, de modo que beneficie o povo do nosso estado. Isto quer dizer que o Maranhão não será apenas produtor de matéria-prima, mas também é capaz de ser agente de industrialização do que produzimos.
John Cutrim: O modelo da saúde que está sendo implantado é eficiente? Qual a solução para este problema?
Flávio Dino: O problema não é falta de dinheiro e sim de planejamento. Na área da saúde o governo anunciou a construção de 65 hospitais, depois ampliaram o número para 72. Agora ao que parece abandonaram o programa, pois não construíram nem metade do que prometeram.
Os hospitais inaugurados contam com a estrutura física, mas precisam de tudo: remédios, equipamentos e profissionais. Agora já anunciaram o programa de hospitais regionais, modelo que já foi utilizado no passado com o governador Jackson Lago e abandonado pelo governo. Essas desistências significam dinheiro jogado fora. Isso tudo contribui para formação dos indicadores sociais. Hoje, o Maranhão tem a pior relação médicos por habitantes do país. Quantos cursos de medicina e vagas em cursos da área médica foram criados no estado? Isso deveria ser prioridade, formar profissionais e com qualidade. A maioria dos problemas pode ser resolvido com atenção básica à saúde. E, de fato, construir os hospitais regionais de alta e média complexidade com seriedade e transparência.