Publicado 22/05/2013 22:43 | Editado 04/03/2020 16:28
Neste mês em que comemoramos os 60 anos da entidade representativa máxima dos jornalistas no Ceará, em nome da direção do Sindjorce, reafirmo o incansável trabalho de resistência aos ataques patronais e na defesa intransigente do emprego, das condições de trabalho, da regulamentação da profissão e da qualidade de vida da categoria. Uma luta que avança tanto na dinâmica da ação sindical conjunta com as redações para fortalecer a organização dos trabalhadores, como na esfera judicial, que reconhece as arbitrariedades impostas pelo patronato. Temos, portanto, bons motivos para comemorar.
Depois de assembleias por local de trabalho para deliberações sobre a Campanha Salarial 2012/2013 de Jornais e Revistas, e da aprovação de estado de greve dos jornalistas no jornal O Povo, as mais recentes conquistas são as ações judiciais ganhas contra o periódico mais antigo do Estado. Uma, beneficiando 90 jornalistas, por descumprimento de Convenção Coletiva de Trabalho. A outra, mais emblemática ainda por servir de exemplo para todas as empresas que incorrem nesta prática ilegal, determina o fim do banco de horas na redação do O Povo, com o pagamento das horas extras devidas a 59 profissionais, no valor global de R$ 147 mil.
Encaramos problemas graves ainda em várias redações: acúmulos e desvio de funções, jornadas irregulares, não pagamento de horas extras, exploração da mão de obra estagiária. Tudo isto somado ao aumento insuportável do assédio moral e da violência contra os jornalistas de todos os segmentos – jornais, revistas, rádio, TV e assessoria de imprensa. Vale destacar, pesquisa do especialista José Roberto Heloani, apontando que a lógica da reestruturação e do lucro no ramo da Comunicação piorou, e muito, nossa qualidade de vida, com consequências graves na saúde física e mental dos "operários da notícia".
Em meio às sucessivas crises no mercado de trabalho, cresce também a atuação do Sindicato dos Jornalistas do Ceará e a organização nos locais de trabalho. Atos, protestos, manifestações e paralisações programadas tomaram conta das redações de impresso desde o fim de 2012, com o endurecimento do patronato e falta de diálogo para fechamento da campanha salarial com reajuste decente e ganho real. Momento decisivo para aumentar a consciência de classe e reforçar o papel do Sindjorce como representante legítimo dos jornalistas cearenses no combate aos crimes cometidos contra a categoria.
Nas redações de mídia eletrônica, as demissões no Sistema Jangadeiro, Rádio Verdes Mares, TV Diário e TV Ceará mostram a vulnerabilidade da categoria diante da sanha do capital por lucros maiores, com a dispensa imotivada de trabalhadores crescendo aos olhos do Estado Brasileiro. A solução, como diz o próprio Roberto Heloani, é coletiva. É fortalecer o Sindjorce com a ampliação do número de sindicalizados e a busca da autossustentação financeira. Somente um Sindicato representativo e reconhecido pela categoria garante o fôlego necessário para o sucesso da luta coletiva.
O momento é de reflexão, mas também de unidade e mobilização para enfrentar as adversidades atuais e futuras. Unidade não apenas no discurso, mas na prática, na atuação consciente e comprometida. A prática é, cada vez mais, o critério da verdade, como disse Mao Tsé-Tung. Principalmente agora, quando retomamos com força total a luta pela volta da exigência de formação específica para o exercício profissional, na Câmara dos Deputados, através da PEC do Diploma, depois da vitória no Senado, comemorada entusiasticamente em todo o Brasil. Que venham novos combates para fortalecer ainda mais o Sindjorce e a categoria!
*Samira de Castro é presidente em exercício do Sindjorce
Fonte: Sindjorce
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