Parlamentares e jornalistas defendem horário da Voz do Brasil 

A manutenção do atual horário de veiculação do Programa A Voz do Brasil, das 19 às 20 horas pelas emissoras de rádio de todo o Brasil, foi defendido por parlamentares e jornalistas que participaram de debate no Senado nesta segunda-feira (20). E criticaram a proposta que tramita na Câmara de flexibilizar o horário de transmissão do programa. O senado promoveu um debate sobre a inclusão da Voz do Brasil como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.  

“Esse é o único programa brasileiro verdadeiramente democrático”, disse o deputado Domingo Dutra (PT-MA), destacando que “as empresas de radiodifusão querem flexibilizar o horário do programa porque, segundo eles, é o horário nobre do rádio brasileiro, de 19 às 20 horas. Mas não pode ser um horário nobre para levar lucros para uma minoria. Esse horário nobre tem que ser para o povo brasileiro, principalmente para os camponeses”, afirmou o deputado.

A senadora Ana Rita (PT-ES) também criticou o projeto que pretende flexibilizar o horário da transmissão da Voz do Brasil. Ana Rita, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado (CDH), declarou que a proposta que permite mudar o horário "é motivada por interesses meramente econômicos de setores da grande mídia, preocupados apenas com a exploração comercial do horário nobre em que o programa é veiculado".

“A flexibilização é uma forma disfarçada de relegar a segundo plano A Voz do Brasil. Sou terminantemente contra essa iniciativa”, afirmou.

Fim do programa

Para Chico Sant'Anna, jornalista do Senado e coordenador do Movimento em Defesa do Programa Voz do Brasil, "na prática a flexibilização levará ao fim do programa". Ele afirma que, se cada rádio fizer a transmissão no horário que desejar, será impossível ao governo fiscalizar quem está efetivamente veiculando ou não o programa "e aos poucos ele irá desaparecer". “O horário das 19 horas já está no imaginário da população”, avalia o jornalista.

Sant'Anna lembrou que a transmissão da Voz do Brasil "é uma das poucas contrapartidas que as emissoras têm de oferecer em troca da concessão que utilizam" (as rádios não são propriedade privada; seu uso é outorgado pelo governo).

Ele acusou a Associação Brasileira de Rádio e Televisão (Abert) de ter acabado com o Projeto Minerva, de alfabetização à distância, que era produzido pelo governo e tinha transmissão obrigatória em todas as rádios. Também disse que as contrapartidas feitas por meio de campanhas institucionais de saúde ou educação "praticamente não existem mais e programas como o do Zé Gotinha, para serem veiculados, têm de pagar às rádios e às tevês".

Outro ponto ressaltado pelos defensores da Voz do Brasil foi o público que o programa alcança – principalmente o rural – e que não é atendido pela imprensa do setor privado. Citando um levantamento, o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, Jonas Valente, frisou que "a grande demanda pela Voz do Brasil vem das pessoas que estão no campo, no interior, que têm pouca renda e não têm, por exemplo, acesso a internet e TV a cabo".

Chico Sant'Anna acrescentou que, com a flexibilização, o programa seria "jogado para mais tarde", prejudicando os trabalhadores rurais ou das periferias das cidades, que acordam de madrugada para trabalhar e se informam por meio da Voz do Brasil. Ao ser transmitido no final da noite, diz o jornalista, o programa deixaria de ser ouvido por essas pessoas.

O projeto em exame na Câmara prevê a liberação das emissoras comerciais e comunitárias para transmitir o programa oficial no período entre 19 e 22 horas.

Da Redação em Brasília
Com agências