Aécio usará tempo do PSDB na TV para fazer campanha antecipada
Com o discurso de que "não será fácil" desalojar o PT do poder, o senador Aécio Neves (MG) assumiu a presidência do PSDB fazendo uma forte defesa do legado do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) – incluindo as privatizações.
Publicado 20/05/2013 09:01
Em meio a ataques aos governos Lula e Dilma Rousseff, Aécio deu um passo decisivo para pavimentar sua candidatura à Presidência em 2014, mas foi cauteloso para evitar melindrar correntes contrárias à ideia.
Os discursos de união na convenção nacional do partido, no sábado (18), em Brasília, não conseguiram encobrir sinais de tensões internas com a consolidação do mineiro como pré-candidato ao Planalto em 2014.
Na plateia da convenção tucana estavam os dois últimos candidatos do PSDB à Presidência, Serra (2002 e 2010) e Alckmin (2006), cujas campanhas procuraram esconder FHC. Mais tarde, em carta que divulgou para o partido, Aécio fez não só uma defesa do legado do ex-presidente, mas um mea-culpa: "Erramos por não ter defendido, juntos, todo o partido, com vigor e convicção devidos, a grande obra realizada pelo PSDB".
O tucano falou da estabilização de uma economia e dos "primeiros programas de transferência de renda". E afirmou:Somos o partido das privatizações que tão bem fizeram ao Brasil.
Na última década, nenhum tucano com aspirações nacionais defendeu, de forma aberta, as privatizações.
Aécio quer se tornar popular
Com os olhos voltados para os votos das classes C e D, o candidato a presidência Aécio Neves começa a estrelar esta semana a propaganda partidária nacional do PSDB. O primeiro objetivo do novo presidente do PSDB é tornar-se mais conhecido do público nacional. Pesquisas recentes mostram que cerca de 40% do eleitorado não conhecem o mineiro, situação que se agrava nas classes mais pobres e no interior do país.
A estratégia foi dividida em duas partes. Nesta semana, a partir de amanhã [terça-feira, 21], Aécio começa a aparecer em pequenos comerciais de 30 segundos, conversando com pessoas comuns sobre economia doméstica. Ou seja, tratará de temas como inflação, impostos e endividamento das famílias, mas sob a perspectiva da chamada nova classe média e das famílias que ainda lutam para chegar a ela. O foco dos tucanos é minimizar duas fragilidades do PSDB: as percepções públicas de que o partido não dialoga com o povo e de que suas políticas não tratam do dia a dia da população.
A segunda parte da estratégia de comunicação aparecerá no programa partidário do dia 30. Durante dez minutos, Aécio fará uma viagem por várias cidades de Minas Gerais, mais uma vez conversando com a população e mostrando como o governo mineiro, que ele ocupou entre 2003 e 2010, ajudou a resolver problemas. A ideia é usar políticas locais como exemplos do que pode ser levado para o resto do país. Aécio só não será a única estrela tucana em São Paulo, onde o governador Geraldo Alckmin também aparecerá na propaganda. Procurado, Aécio confirmou a estratégia:
"Vamos mostrar o que o PSDB é de fato, desmistificando essa impressão de que o partido seja de elite".
Números desmente Aécio
No jornal tucano Folha:
Após dez anos de gestão do PSDB em Minas Gerais, ao menos duas bandeiras do partido sofrem desgaste: o combate à desigualdade regional e à criminalidade.
Enquanto o fosso entre regiões ricas e pobres do Estado não se reduziu, a violência cresce desde 2010, sobretudo nas grandes cidades.
A participação das regiões menos desenvolvidas no PIB ficou estagnada ou diminuiu. A participação do norte se manteve em 4% de 2002 a 2009 e caiu para 3,8%. No Jequitinhonha/Mucuri, foi de 1,9% para 1,8%.
"Tais evidências sinalizam a grande desigualdade em termos de desenvolvimento econômico que prevalece em Minas", apontou o Tribunal de Contas do Estado sobre as contas do governo de 2011.
Violência
Na segurança, a redução da violência alcançada sob Aécio sofreu recuo significativo. A taxa média mensal de crimes violentos por cem mil habitantes caiu de 45 em 2005 para 20,8 em 2010. Mas, no mês passado, chegou a 36,4.
A divulgação de estatísticas criminais foi interrompida em 2011, quando os dados cresciam. Anastasia trocou a cúpula da Defesa, mas o problema persiste: crimes violentos subiram 19% no primeiro quadrimestre de 2013, ante igual período de 2012.
Fonte: Os Amigos do Presidente Lula