Assad: Ocidente mente e falsifica provas para deflagrar guerras
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, voltou a desmentir que seu governo empregará armas químicas, como os governos de países ocidentais e regionais acusam, e previu uma possível invasão militar contra o país.
Publicado 19/05/2013 09:44
"As acusações a respeito do uso de armas químicas ou as informações sobre a minha demissão mudam a cada dia e é provável que isso seja usado como prelúdio de uma guerra contra a nação", afirmou o mandatário do país árabe durante entrevista com meios de comunicação argentinos. A entrevista teve grande repercussão na mídia síria neste domingo (19).
"Disseram que usamos armas químicas contra zonas residenciais. Agora, se fossem usadas sobre uma cidade ou subúrbio com um saldo de 10 ou 20 vítimas, seria crível?", questionou.
Assad explicou que isso significaria a morte de milhares ou dezenas de milhares de pessoas em questão de minutos, o que não poderia ser ocultado.
"O Ocidente mente e falsifica provas para deflagrar guerras; esse é seu costume", enfatizou Assad recordando o fiasco do ex-secretário de Estado dos Estados Unidos Collin Powell, que jurou na ONU que existiam armas de destruição em massa no Iraque, nunca encontradas, mas o pretexto serviu para a invasão desse país em 2003.
O presidente sírio reconheceu como positiva a conferência internacional que os Estados Unidos e a Rússia acordaram realizar em Genebra em junho para encontrar uma saída para o conflito, se bem que analisou que isso por si só é insuficiente para deter o terrorismo estimulado por atores internacionais nesta nação árabe.
"Recebemos bem a aproximação entre a Rússia e os Estados Unidos, mas devemos ser realistas: não cremos que muitos países ocidentais queiram efetivamente uma solução na Síria quando existem mercenários de quase 30 nações que combatem para derrubar o governo", advertiu.
"Nós sempre optamos por dialogar com qualquer parte, mas isto não inclui os terroristas, pois nenhum Estado dialoga com terroristas", enfatizou.
Igualmente, Assad rechaçou que governos como os dos Estados Unidos, França, Reino Unido e Turquia exijam de forma aberta a sua renúncia, argumentando que essa seria a condição sine qua non para resolver o contencioso que se estende há mais de dois anos.
"Que alguém diga que o presidente sírio tem que ir-se porque os Estados Unidos, outros países ou os terroristas querem, é algo inadmissível", afirmou, enquanto reiterou que essa decisão só pode ser tomada pelo povo através das urnas nas eleições convocadas para 2014.
"Além do mais, o país está em crise e quando o barco se encontra em meio à tempestade, o capitão não foge. E renunciar seria fugir", ressaltou Assad.
Conferência da ONU
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, disse neste domingo (19) que tem a expectativa de que a próxima conferência internacional sobre a Síria se realize logo, provavelmente no início de junho.
“Estamos estudando a possibilidade de realizar a conferência no começo de junho, e continua sendo um assunto pendente, estou convencido de que ela se realizará logo”, afirmou Ban durante sua visita a Moscou, capital da Rússia.
“Uma vez que me foi pedido que convoque esta conferência sob os auspícios da ONU, nesses momentos estou levando a cabo as consultas com todas as partes interessadas”, disse o máximo titular da ONU, referindo-se aos membros permanentes do Conselho de Segurança da organização internacional (Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, França e China).
Cabe mencionar que durante um encontro mantido em 7 der maio último em Moscou, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e seu homólogo russo, Serguei Lavrov, concordaram em realizar em finais de maio uma conferência sobre a Síria (baseada no desenvolvimento do Comunicado de Genebra) com o propósito de encontrar uma solução política para o conflito sírio.
De acordo com o chanceler russo, Washington e Moscou defenderam utilizar todos os recursos existentes para fazer com que as partes envolvidas no conflito se sentem à mesa de diálogo.
Esta conferência é considerada o desdobramento da primeira reunião internacional realizada em 30 de junho de 2012 em Genebra pelo Grupo de Ação para a Síria, que aparentemente busca uma solução política para a crise do país árabe.
Desde meados de março de 2011, a Síria é cenário de uma onda de violência organizada e patrocinada por alguns países do Ocidente e da região, cujo objetivo é derrocar o governo constitucional do país.
Da Redação do Vermelho, com agências