Direitos Humanos: Greve de fome em Guantânamo completa 100 dias
A greve de fome mantida por 130 prisioneiros no centro de detenção dos EUA, na base militar estabelecida no território usurpado de Guantânamo (Cuba), completa 100 dias nesta sexta-feira (17). Neste período, os reclusos denunciam novas violações de direitos humanos pelos militares carcerários.
Publicado 17/05/2013 09:03
Alguns advogados defensores estimam que ao menos 130 detidos continuam em jejum, desde o passado 6 de fevereiro, e quase 30 deles dizem ser alimentados a força, uma prática condenada por organizações de direitos humanos e pela Associação Médica Americana.
“Todo paciente capacitado tem direito a rechaçar a intervenção médica, inclusive as atuações para mantê-lo vivo”, expressou a associação. Além disso, a prática atenta contra o direito de os prisioneiros protestarem contra as suas condições e é realizada com um procedimento doloroso.
O capitão Robert Durand, porta-voz do centro de detenção, em Guantânamo, revelou que o comando militar declarou nesta quinta um “alerta amarelo” em quatro ocasiões, um sinal que identifica qualquer urgência médica temporal.
Um informe da emissora Russia Today, em 11 de maio, advertiu que um dos representantes legais dos presos denunciou que eles são revistados até “em regiões íntimas” cada vez que se reúnem com seus defensores.
A medida, de acordo com o advogado, é “uma tática de terror” para acabar com a greve de fome. Por isso, a organização Witness Against Torture (Testemunha Contra a Tortura) convocou três jornadas de protestos nos Estados Unidos, em solidariedade com os confinados em Guantânamo.
O grupo desenvolverá ações pacíficas em várias cidades do país desde esta sexta até o domingo (19), com um programa que se inicia em Nova York. Os manifestantes permanecerão em jejum durante o fim de semana para exigir o fechamento do centro de detenção.
Os Estados Unidos estabeleceram a prisão de Guantânamo em 2002, em uma base naval que mantém de forma ilegal em território cubano, para encarcerar todos os que consideram “suspeitos” de terrorismo, segundo os parâmetros de Washington.
Atualmente, a prisão enclausura 166 pessoas, que nunca foram acusadas formalmente ou julgadas. Para muitos, o centro de detenção é um centro de torturas, um buraco negro em matéria de direitos humanos.
A greve de fome é a maneira que os detidos encontraram para protestar contra o confinamento indefinido nas celas de castigo, até a confiscação de cópias do Corão, o livro sagrado dos muçulmanos.
Há algumas semanas o presidente estadunidense Barack Obama retomou publicamente o tema do fechamento do centro, uma promessa de campanha que ainda não cumpriu, desde que tomou posse do cargo pela primeira vez, em janeiro de 2009. As disputas políticas internas são usadas pelo governo para justificar a negligência: por exemplo, recentemente, opositores conseguiram, como um mecanismo instrumental, a aprovação de uma lei que proíbe o Estado de investir financeiramente na transferência dos detidos.
Com agências,
da redação do Vermelho