Putin e Netanyahu encontram-se para debater a crise na Síria
O conflito armado na Síria e as tensões na fronteira turco-síria são o centro das conversações entre o presidente russo Vladimir Putin e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, nesta terça-feira (14), em Moscou, com os recentes ataques de Israel à Síria como pano de fundo. A Rússia tem sido uma das vozes mais contundentes na defesa da soberania síria e de uma solução política dialogada nacionalmente para a crise no país.
Publicado 14/05/2013 09:01
“A situação da Síria será um dos focos de atenção nas conversações, devido à preocupação da Rússia ante a deterioração da crise interna”, adiantou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Segundo o funcionário, “o tema é muito atual no contexto da visita do primeiro-ministro israelense à Rússia, e serão conversações bastante sérias”, prognosticou. Em paralelo, Putin analizará com Netanyahu uma gama de aspectos relacionados à cooperação bilateral na esfera energética e do turismo, fundamentalmente.
Analistas citados pela imprensa russa não esperam dessas conversações grandes pronunciamentos ou decisões, sobretudo na questão síria. Acredita-se que entre os assuntos tratados, as partes abordarão a proposta de realizar outra conferência internacional sobre a Síria, de acordo com as resoluções tiradas pelo chanceler russo Serguei Lavrov e o secretário de Estado dos EUA John Kerry do encontro recente.
Para o especialista em estudos orientais Boris Dolgov, é do interesse de Israel apoiar esta conferência, considerando que ela terá êxitos apenas de suspender a ajuda bélica aos grupos armados (classificados de terroristas, que atuam dentro do país), “pelos nossos parceiros ocidentais”, disse Dolgov à agência Ria Novosti.
Sobre os sistemas antiaéreos S-300 que a Rússia vende, por contratos, à Síria, Dolgov afirma que não devem preocupar Tel-Aviv, pois se trata de sistemas que devem efetivamente defender a Síria contra ataques aéreos, como as agressões realizadas por Israel na semana passada, em duas ocasiões diferentes.
Recentemente, circularam versões da imprensa sobre as supostas pressões que Israel teria exercido para conter a venda dos sistemas de defesa à Síria, mas o chanceler russo Serguei Lavrov esclareceu que na ocasião, seu governo cumpre as vendas acordadas em contratos já assinados.
O Kremlin também manifestou preocupação com os planos de estender uma zona de exclusão aérea no espaço aéreo sírio, após os ataques israelenses.
“Infelizmente, ideias destrutivas como essa reemergem periodicamente, mas ninguém pensa nas consequências”, disse Gatilov, vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia. Ele também sublinhou que as decisões relacionadas à Síria deveriam ser tomada apenas pelo Conselho de Segurança da ONU (onde a Rússia tem poder de veto), e que outras ações seriam uma violação do direito internacional.
Em entrevista à agência Russia Today, Jaber Bassal, do partido israelense Hadash, disse que “Israel dá a si mesmo a permissão para atacar outros países mas não aceita quando outro país faz o mesmo consigo. Este ataque não pode ser legítimo e Israel deve ser julgado em tribunais internacionais".
No começo do mês, Israel realizou dois ataques com mísseis contra um centro de investigação militar na região de Damasco, capital da Síria, o que configurou uma séria violação da soberania e um ato de provocação, que tende a agravar a situação na região. O governo sírio, na ocasião, disse considerar a ação israelense uma “declaração de guerra”.
Com agências,
da redação do Vermelho