Movimento negro promove atividades na semana do 13 de Maio

O 13 de Maio, Dia da Abolição, é uma data importante.É um dia para lembrar a forma como o país deixou milhares de negros e negras desamparados após a assinatura da Lei Áurea, que, por um lado libertou os negros da escravidão, por outro, não ofereceu qualquer tipo de reparação para a população negra. Diante disso, o movimento negro declarou o 13 de Maio como Dia Nacional de Denúncia contra o Racismo e desde então promove atividades para marcar a data.

O Núcleo de Consciência Negra, localizado na Universidade de São Paulo (USP), que comemora nesta data 26 anos, organiza encontros e debate no chamado "Mês da Abolição Interrogada 2". Duas oficinas, uma de Stencil e outra de Capulanas (lenços africanos), ocorrem a partir das 14 horas de sexta-feira (17). No mesmo dia, às 18 horas, está confirmado o debate "Desafios na Superação das Desigualdades Ètnico-raciais", que contará com as presenças do vereador Orlando Silva (PCdoB-SP); do professor Dennis de Oliveira, da USP, o advogado Celso Fontana, do SOS Racismo; e Jupiara Castro, do Núcleo de Consciência Negra. São esperadas a presença de representantes do movimento negro como Edson França, da União de Negros pela Igualdade (Unegro).

Nesse mesmo dia, outras duas atividades culturais estão programadas. Um sarau, `s 20h, e, a partir das 22 horas, uma festa-protesto.

O Núcleo espera um público de cerca de 200 pessoas. Para participar é só comparecer pouco antes do início.

"Queremos todos presentes para dar um novo sentido ao 13 de Maio e para legitimar as nossas lutas gerais e locais. Aqui na USP continuamos lutando pelo reconhecimento do nosso espaço, por parte da instituição, e, agora, temos uma nova batalha: a criação da Casa da Cultura Negra, que esperamos que seja o novo espaço do Núcleo de Consciência Negra", declarou o engenheiro Leandro Salvático, ao Vermelho.

Atualmente, a entidade mantém a Biblioteca Carolina Maria de Jesus, um Cursinho Popular Pré-Vestibular, um Centro de Estudo de Idiomas e organiza oficinas de Teatro e de Comunicação, além de atividades culturais, seminários e palestras sobre a história, as demandas sociais e a cultura afrobrasileira.

Assine a petição

Existem atualmente dois processos administrativos internos no campus Butantã, onde está o Núcleo. Um que pede o reconhecimento do local e a criação de um Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão vinculado à universidade. O outro, pede a criação da Casa da Cultura Negra da USP. para reforçar esta bandeira, a entidade criou um abaixo-assinado na internet. Acesse a petição pública . "Estamos há anos lutando pelo reconhecimento do trabalho, mas, não legitimam nosso espaço. Por isso entramos com processo administrativo interno", explicou Salvático.

Oficina de Comunicação Comunitária

Acontece nos sábados 25 de maio e 8 de junho a Oficina de Comunicação Comunitária com o jornalista e rapper Pirata, do Fórum Hip Hop. O objetivo é formar núcleos de comunicação nas comunidades para uma maior divulgação do movimento negro. Inscrições pelo email: rapperpirata@gmail.com.

Cotas

Passados 125 anos, o Brasil ainda é um país que discrimina, que precisa de cotas raciais para que negros e negras sejam incluídos nos espaços de poder e decisão. As cotas raciais, e sociais, têm sido debatidas nas universidades. Apesar de existir uma lei federal que garante uma política de cotas, há estados que ainda não implantou e, pior, apresentaram propostas que retrocedem. Como o Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público Paulista (Pimesp), proposto de forma unilateral pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), impondo barreiras para a implementação da lei de cotas raciais nas universidades do estado.

"Aqui na USP [Universidade de São paulo] estamos bem adiantados nessa discussão, já criamos, inclusive, um grupo de trabalho na Alesp[Assembleia Legislativa de São Paulo] para formular uma proposta do movimento negro para o estado, que propôs um programa vergonhoso que deixa o estudante negro e pobre em uma espécie de quarentena ao impor a realização de um curso de dois anos, além do que ele já estudou", lembra Leandro.

É considerado crime de racismo no país quem tiver uma conduta discriminatória dirigida a um determinado grupo ou coletividade. A pena é imprescritível e inafiançável. O Código Penal prevê também o crime de injúria racial, que consiste em ofender a honra de alguém com a utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem.

Deborah Moreira
Da redação do Vermelho