Rússia e EUA discutem solução pacífica à crise na Síria

A aproximação das posturas da Rússia e dos EUA para concretizar uma solução negociada para o conflito que afeta a Síria há dois anos está sendo analisada nesta sexta-feira (10) com otimismo moderado pelas autoridades sírias. Um comunicado emitido nesta quinta pelo Ministério de Relações Exteriores considerou um avanço a decisão russa e estadunidense para reunir-se em prol de um plano de paz.

Serguei Lavrov e John Kerry - Reuters

O secretário de Estado norte-americano John Kerry viajou à Rússia nesta terça-feira (7) para encontrar-se com o chanceler russo Serguei Lavrov, para uma reunião em que se discutiriam a aproximação bilateral entre a Rússia e os EUA e uma solução pacífica para o conflito sírio, entre outros temas.

A Rússia tem defendido o direito sírio de resolver o conflito interno através de um diálogo político nacional, sem a interferência estrangeira, enquanto os EUA mantêm uma retórica intervencionista que desconsidera a postura do governo do presidente Bashar Al-Assad, da Síria, que já declarou reiteradas vezes a disposição para o diálogo com a oposição e os avanços que já tem feito no assunto.

Entretanto, a chancelaria russa sublinhou nesta semana, durante os encontros com o representante estadunidense, que a credibilidade de Washington para adotar um acordo será comprovada quando convença seus aliados a cessar o apoio financeiro e bélico aos grupos mercenários que insistem em ações violentas armadas para derrubar o governo de Al-Assad.

Lavrov ressaltou mais uma vez que todo o mundo deve ter claro que corresponde apenas ao povo sírio decidir sobre o seu futuro sistema constitucional, sem ingerência externa.

Neste sentido, a declaração recordou que as autoridades sírias avançaram na implementação de um Programa Político proposto pelo presidente da Síria, que se baseia na concretização de um diálogo interno e no apoio ao Acordo de Genebra, assinado em 30 de junho de 2012.

O acordo, subscrito pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China), além da Turquia, Catar, Kuwait e Iraque (todos com influência direta ou indireta no conflito interno da Síria), pede o fim imediato da violência, a formação de um governo provisional, integrado por todos os setores da vida nacional, e a convocação de eleições onde o povo eleja o seu novo governo.

Ao comentar a concertação, o diário governamental Al-Watan assegurou nesta quinta-feira (9) que Damasco está otimista, mas continua à espera de mais detalhes. A matéria considerou também que a posição russa manteve-se baseada no direito internacional, no direito dos povos à autodeterminação (a decidir sobre sua política sem a ingerência externa), no dos Estados a combater o terrorismo, o que será aceito cedo ou tarde por todos.

Entretanto, o chefe da diplomacia estadunidense, Kerry, havia dito na véspera que o presidente sírio não seria parte de um governo de transição no país, o que colocou novas dúvidas sobre a real vontade de Washington de contribuir para resolver o conflito.

A exigência pela renúncia de Al-Assad foi um dos pontos persistentes dentro das muitas exigências dos governos ocidentais e do Oriente Médio que tentam impor suas supostas soluções à Síria. Damasco reiterou diversas vezes, por outro lado, que não tolerará imposições estrangeiras em seus assuntos internos e que a continuidade ou não do mandatário em seu cargo é uma decisão soberana do povo sírio.

Com Prensa Latina,
da redação do Vermelho