Seminário debate Democracia, Soberania e Integração sul-americana
Com o tema “Democracia, Soberania Nacional e Integração Latino-Americana” , a mesa que abriu o seminário “Balanço de uma década de governo democrático e as bases de uma nova arrancada para o desenvolvimento” trouxe à tona o debate sobre democratização dos meios de comunicação e a necessidade de discutir o judiciário. Também foram enumerados os esforços, realizados durante a última década, para que o Brasil caminhe para consolidar a autonomia como nação.
Publicado 04/05/2013 17:46
A primeira mesa teve a participação dos seguintes debatedores: ministro do Esporte, Aldo Rebelo; Senador Inácio Arruda (PCdoB-CE); embaixador Samuel Pinheiro Guimarães. A mesa foi coordenada pela vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão.
O senador Inácio Arruda defendeu que é preciso garantir um debate forte sobre alterações necessárias para que programas ousados sejam realizados. “Para isso precisamos que o Partido esteja mais forte. Precisamos crescer no parlamento nacional, precisamos de juízes comunistas comprometidos com a causa do povo brasileiro”, exemplificou Inácio.
Ele concentrou uma parte da fala destacando a ligação entre Judiciário e mídia. Lembrou inúmeras operações que viraram notícia nos principais veículos e envolvem , muitas vezes, pessoas que nem sabiam que estavam sendo investigadas. “O principal veiculo do país é informado da operação. Julga, condena e, após isso, não há mais como reparar”, disse Inácio.
O ex-secretário executivo do Itamaraty, embaixador Samuel Pinheiro afirmou que a baixa representação da maioria da população brasileira no Congresso Nacional impede a regulamentação da comunicação. “É o instrumento que garante o controle da raça hegemônica. E dai vemos a instrumentalização do Judiciário pelas classes dominantes em conjunto com os grandes meios de comunicação”, emendou.
Ele disse não ver razão para que a propaganda dos órgãos estatais não seja distribuída de maneira equitativa. “Essa é uma medida que pode ser tomada agora”, destacou.
Soberania Econômica
A rejeição da Alca pelo estado brasileiro foi um ponto apontado com destaque pelo embaixador Samuel para a soberania econômica do Brasil. “O Brasil disse não ao receituário neoliberal de privatizações , redução do papel do Estado. Se fosse o contrário hoje não teríamos banco do Brasil, BNDES, Petrobras, Eletrobras. Estariam todas privatizadas”, lembrou.
O diplomata também considera acertada a forma como o Brasil tem fortalecido organismos como a Unasul, Celac e Mercosul, importantes para a integração regional e que colaboram com o desenvolvimento e a estabilidade econômica dos países vizinhos. “A decisão da presidenta Dilma e foi só dela da entrada da Venezuela no Mercosul preserva o regime político e econômico frente às questões externas e as ameaças de golpe”.
Defesa nacional
A mesa contou ainda com a participação de Ronaldo Carmona, da secretaria de Relações Internacional do PCdoB. Ele tratou do protagonismo construído pelo Brasil no cenário internacional na última década. Carmona citou o acordo de Teerã, de 2010, costurado por Brasil e Turquia, como fato emblemático desta ascensão.
“Um dos desafios é preencher a lacuna que existe entre esta ascensão política e econômica do Brasil e a baixa estatura estratégica. Estamos em 11° nos gastos de despesas militares à frente apenas de México e Indonésia”, comparou. Ele citou projeções de um banco americano que diz que em 2013 o Brasil deve chegar ao 5° posto da economia mundial.
Carmona acrescentou como iniciativas importantes do Brasil na defesa nacional e regional a instituição do Conselho Sulamericano de Defesa e da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul assim como o lançamento do Livro Branco da política de defesa nacional. “Gerou um pensamento autóctone na última década”.
Novos Polos no cenário mundial
Carmona destacou a necessidade de atualização do pensamento geopolítico e geoestratégico. Segundo ele, os Estados Unidos não vão abrir mão da hegemonia hemisférica. “Daí buscam sabotar e fraturar a unidade sulamericana e congelar o uso das nossas riquezas naturais”.
De acordo com ele, a segunda grande tendência mundial será a escassez de artigos estratégicos. “Esses artigos são abundantes na América do Sul, na África e no Atlântico Sul, o que torna esses países estratégicos nessa transição no quadro de forças políticas”.
Após as exposições, o plenário pôde fazer suas indagações aos debatedores.
Railídia Carvalho para o Portal Vermelho