Centrais cobram avanços do governo em ato do 1º de Maio

Centenas de milhares de pessoas se reuniram nesta quarta-feira (1º), em São Paulo, para festejar o Dia do Trabalhador. O ato, organizado pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Força Sindical (FS), União Geral de Trabalhadores (UGT) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), foi marcado pelas cobranças dos sindicalistas junto ao governo federal por mais diálogo e pela celebração em torno dos 70 anos de criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

O ponto alto da festa se deu no começo da tarde, durante o ato político que reuniu líderes das centrais sindicais e representantes de partidos políticos e movimentos sociais.

Anualmente, as centrais apresentam uma pauta com suas bandeiras de luta e reivindicações. Em 2013, cada um desses itens se respaldou na comemoração dos 70 anos da CLT.

Leia também
SP: Centrais comemoram, mas pedem mais avanços

 
Os dirigentes da CTB que participaram do ato fizeram questão de incluir esses itens da pauta de reivindicações. Adílson Araújo, presidente da CTB-BA, foi o responsável pela principal fala da Central durante o ato. Ele lembrou que há mais de cem anos os trabalhadores de todo o mundo comemoram o 1º de Maio e que em 2013 a data coincidiu com a celebração dos 70 anos da CLT. “Neste dia, é importante celebrarmos, mas também temos que lutar por políticas fundamentais para o país, como exigir mudanças na política macroeconômica.”
 

Araújo falou também da importância da redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, do fim do fator previdenciário, da ampliação do investimento público, da ratificação da Convenção 158 da OIT (que trata da alta rotatividade no mercado de trabalho) e da regulamentação da Convenção 151 (a respeito do direito de negociação coletiva entre os servidores públicos). Além disso, o presidente da CTB-BA defendeu reformas estruturais para o país, entre elas a reforma política. “Precisamos garantir mais espaço no Parlamento para os trabalhadores e para aqueles que defendem nossos direitos.”

Com uma carteira de trabalho em mãos, Araújo ainda deixou um recado aos patrões de todo o país: “É preciso que vocês, já a partir de amanhã, reconheçam na prática o direito das trabalhadoras domésticas, registrando-as e dando dignidade a essas trabalhadoras”, afirmou o dirigente.

Cobranças e celebrações

Raimunda Gomes, a Doquinha, secretária da Mulher Trabalhadora da CTB, representou o Fórum das Mulheres das Centrais Sindicais durante o ato. Assim como Araújo, ela deu destaque para a recente conquista da PEC das Domésticas e lembrou a todos a desigualdade de gênero histórica que ainda perdura no país. “As mulheres ainda recebem menos salário do que os homens. Precisamos enfrentar essa realidade”, afirmou.

O secretário-geral da CTB, Pascoal Carneiro, foi um dos responsáveis por conduzir o ato político. Entre uma apresentação e outra dos convidados, ele deixou claro qual deve ser a função da festa organizada neste 1º de Maio: “Este ato serve para pressionar o governo para que o diálogo com a classe trabalhadora e as centrais seja aprofundado, pois precisamos aprofundar as conquistas e lutar contra quaisquer retrocessos”.

O presidente em exercício da CTB nesta semana, Vicente Selistre, definiu o 1º de Maio como um dia de comemoração, mas também de reflexão. “É preciso pensar naqueles que já morreram na luta por mais direitos. A conquista das domésticas já vale esta comemoração, mas há muito o que reivindicar em nossa trajetória.”

Alberto Broch, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), também destacou a importância de se celebrar a data, mas reafirmou algumas das lutas dos trabalhadores do campo: “Este é um dia especial para celebrar as conquistas da classe trabalhadora e do movimento sindical. Mas temos que lutar pela reforma agrária e pelo fortalecimento da agricultura familiar, responsável por fornecer 70% dos alimentos consumidos nos lares do país”.

O PSB e o PCdoB também enviaram representantes para a festa do 1º de Maio. O senador socialista Rodrigo Rollemberg (DF) destacou a importância da união das centrais sindicais para cobrar mais avanços do governo. “Temos que retomar o crescimento, com ampliação do diálogo junto aos trabalhadores.” Já o deputado estadual (SP) comunista Alcides Amazonas definiu os últimos dez anos de governo de Lula e Dilma como positivos, mas afirmou que existe a necessidade de ampliar as conquistas. “Temos que nos mobilizar para garantir que o país não sofra nenhum retrocesso.”

Fonte: Portal da CTB