ONU respalda negociação de paz na Colômbia
A Colômbia recebeu na terça-feira (23) o respaldo do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) ao processo de paz entre o governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP) e pagamento de indenizações relativas à posse e uso de terra. Ao todo, 81 países estiveram presentes na reunião do conselho, em Genebra.
Publicado 23/04/2013 19:47
O conselho pediu ao país uma política efetiva de combate às chamadas bandas criminais (Bacrims) – consideradas os novos paramilitares. Esses grupos controlam o narcotráfico e cometem crimes em algumas regiões da Colômbia.
Durante a reunião, a delegação de 30 pessoas, liderada pelo vice-presidente colombiano, Angelino Garzón, apresentou um relatório do que a Colômbia tem feito para solucionar o conflito armado e para reparar as vítimas de violações de direitos humanos.
O conselho recebeu com otimismo as notícias sobre o andamento das negociações de paz entre o governo e as Farc. Mas recomendou que o país esteja atento não só ao crescimento das Bacrins, como também à questão do Foro Militar – projeto de lei que, segundo juristas colombianos, pode permitir a impunidade no julgamento de casos de execuções que ocorrem no país. Um dos casos mais recentes é o que militares teriam executado jovens e declarado que as mortes ocorreram no âmbito do conflito armado, conhecidos como 'falsos positivos'. A Justiça colombiana avalia alguns destes casos. Segundo parentes das vítimas, homens do Exército teriam, inclusive, vestido as pessoas com roupas de guerrilheiros, para justificar os crimes.
Com respaldo da comunidade internacional e da sociedade civil colombiana, as negociações do processo de paz entraram, na terça-feira (23), no quarto ciclo de debates em Havana (Cuba).
O tema em discussão, desde o início do ano, é o desenvolvimento agrário, o primeiro de uma lista de cinco assuntos. A expectativa do presidente Juan Manuel Santos é conseguir fechar um acordo de paz com as Farc até dezembro deste ano.
Os outros quatro temas da agenda são o fim do conflito armado, a solução ao problema das drogas ilícitas, os direitos das vítimas e os mecanismos de verificação e referendo do que seja acordado na mesa de diálogo.
Durante o mês de abril, realizaram-se na Colômbia várias atividades voltadas a impulsionar a paz, entre as quais sobressaem uma marcha geral com a participação estimada de mais de um milhão de pessoas, assim como um Congresso pela Paz do qual participaram mais de 20 mil pessoas de 16 países.
Como parte da solidariedade internacional, entre os dias 24, 25 e 26 de maio deste ano, Porto Alegre (RS) sediará o Fórum pela Paz na Colômbia. O objetivo do evento é esclarecer à sociedade e aos movimentos sociais sobre a situação da Colômbia, que há mais de 50 anos atravessa um conflito armado que implica mortes, desaparições e graves violações de direitos humanos.
Em entrevista ao Vermelho, a líder dos movimentos pelos direitos humanos e pela paz na Colômbia, a ex-senadora Piedad Córdoba, disse que seu país vive um momento histórico de diálogo entre o governo e as Farc. A sociedade mobilizada, segundo ela, vive um intenso debate e participação em torno dos Diálogos de Paz. “Os colombianos não conseguem encaminhar este processo sozinhos”, daí a importância do apoio de países como Brasil, Cuba, Venezuela e de eventos como o Fórum pela Paz na Colômbia.
Ao iniciar na última terça-feira (23), no Palácio de Convenções em Havana, um novo ciclo das conversações, o líder da delegação das Farc, Ivan Marquez, declarou à imprensa que a guerrilha chega a esse novo momento dos diálogos com esperanças palpáveis de poder encontrar uma solução que se encaminhe para a justiça, a democracia e a soberania.
Redação do Vermelho com agências