China tenta mediar nos EUA conflito da Península Coreana
O enviado especial da China para a Coreia Popular, Wu Dawei, encontra-se em Washington, a convite do seu homólogo estadunidense Glyn Davis, representante especial do Departamento de Estado para assuntos da República Popular Democrática da Coreia. O diplomata chinês chegou no domingo (21) para uma visita de quatro dias, em sua primeira viagem oficial aos EUA desde 2010.
Publicado 23/04/2013 06:41
Wu é o presidente das conversações de seis partes sobre a desnuclearização da Península Coreana, que se encontram suspensas. Ele fará uma aprofundada troca de pontos de vista sobre a "manutenção da paz e a estabilidade e sobre a desnuclearização" da região, disse o porta-voz da chancelaria chinesa, Hua Chunying, na sexta-feira (19) da semana passada .
A agência Yonhap News da Coreia do Sul informou que Wu se reuniu com Glyn Davies, e Dan Friend, que lidera o escritório de sanções no Departamento de Estado na última segunda-feira (22).
"As discussões estão apenas começando", disse Wu a jornalistas ao deixar a sede do Departamento de Estado e não teceu outros comentários.
Está previsto que nesta terça-feira (23), Wu se reunirá com Wendy Sherman, subsecretário de Estado para assuntos políticos, e Joseph Yun, secretário de Estado adjunto para o Leste Asiático e o Pacífico.
Em uma coletiva de imprensa na segunda-feira (22), no entanto, o porta-voz Patrick Ventrell não revelou detalhes das reuniões de Wu em Washington.
"O que eu vou dizer é que nós, os Estados Unidos e a China, ambos concordamos sobre a importância fundamental de uma Coreia do Norte desnuclearizada. Então, esse é o amplo consenso sobre a nossa política", disse.
Na Casa Branca, o secretário de imprensa presidencial Jay Carney também não mencionou quaisquer reuniões nem disse se as tensões na Península Coreana têm abrandado.
A visita de Wu é vista como um sinal positivo de que um retorno à mesa de negociação é possível, pela primeira vez desde que as conversações entre as seis partes foram interrompidas em 2009. As negociações envolveram a República Popular Democrática da Coreia, a Coreia do Sul, a China, os EUA, o Japão e a Rússia.
Em duas ocasiões, nos dias 11 e 16 de abril, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse que os EUA estavam abertos ao diálogo sobre Pionguiangue. Durante sua visita à China na semana passada, o secretário de Estado John Kerry também manifestou interesse em falar com a Coreia Popular, sob a condição de que este país concorde em desistir de suas armas nucleares.
A Coreia Popular, que rejeitou a condição, disse que não vai retomar as negociações a menos que as sanções econômicas impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas sejam levantadas e que os EUA terminem seus exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul.
A visita de Wu "é claramente uma intenção de mediar entre a Coreia do Norte e os EUA. Houve muita conversa difícil para ambos os lados, mas o diálogo é o único caminho realista", disse Charles Armstrong, diretor do Centro da Universidade de Columbia de Pesquisa sobre a Coreia.
Ele acredita que há uma forte probabilidade de as conversações entre as seis partes serem retomadas, possivelmente em breve.
"Embora as negociações tenham sido suspensas em 2009, elas não foram mortas oficialmente e podem reviver", disse Armstrong. "Outros fóruns também são possíveis, tais como conferências de quatro vias entre a Coreia do Norte e a Coréia do Sul, a China e os EUA sobre as questões da paz e da segurança, especificamente sobre o armistício da Guerra da Coreia".
Armstrong disse que o final dos exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul no final deste mês pode ajudar a promover um ambiente propício ao diálogo. Mesmo assim, é improvável que as negociações possam ser retomadas imediatamente depois de um período tão aquecido de confronto.
"Nós provavelmente veremos discussões indiretas, mediadas pela China, bem como, possivelmente, discussões de nível inferior entre funcionários norte-americanos e norte-coreanos em terceiros países, antes de retomar as negociações formais", disse ele.
Scott Snyder, pesquisador sênior em estudos coreanos no Conselho de Relações Exteriores, disse que é bom que Wu sejá capaz de tomar atitudes em Washington em relação à Coreia do Norte.
De Washington, Chen Weihua, para o China Daily
Tradução da Redação do Vermelho