Deputados brasileiros denunciam tentativa de golpe na Venezuela
A situação na Venezuela após a eleição de Nicolás Maduro no último domingo (14) é acompanhada pelos parlamentares brasileiros. Eles alertam que existe uma tentativa de golpe por parte do candidato derrotado nas eleições, Henrique Capriles, ao pedir a recontagem de votos. Mas os deputados acreditam na capacidade de Maduro de superar a situação e levar o país à normalidade. A posse marcada para esta sexta-feira (19), com a presença de presidentes de vários países da América Latina, vai ajudar.
Publicado 18/04/2013 15:36
Para o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), membro do Parlamento do Mercosul (Parlasul), existe uma tentativa de golpe na Venezuela a partir das declarações do presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, de que é necessária uma recontagem de votos.
‘”É uma tentativa de intervenção dos Estados Unidos num processo interno da Venezuela; e muito desorientado”, avalia Dr. Rosinha. Ele destaca que o processo eleitoral da Venezuela é um dos mais seguros do mundo, senão o mais seguro. O voto é eletrônico, conferido em uma cédula pelo eleitor, depositado em uma urna, e só depois de apurado mais de 50% dos votos é divulgado o resultado; e o sorteio das urnas é feito com a presença de todos os candidatos.
“Ou ele (Obama) desconhece isso e cometeu um erro ou faz parte dos que estão organizando o golpe. Ele, que se diz tão democrático, deveria discutir o processo eleitoral dos Estados Unidos, porque o (George) Bush tomou posse em um processo eleitoral cheio de fraude e corrupção”, destaca o deputado. Segundo ele, a tentativa de golpe está explícita não apenas nas declarações de Obama como também no pedido de Capriles pela recontagem de voto.
Ele, a exemplo dos demais deputados brasileiros que acompanham de perto a situação na Veenzuela, acredita que a situação será superada pela ação do presidente eleito, que tem grande experiência nas relações diplomáticas. Rosinha lembra que, apesar das declarações, até ontem (quarta-feira) à tarde nem Capriles e nem o partido dele tinham dado entrada judicialmente na recontagem de votos.
Situação normalizada
O deputado avalia ainda que a posse de Maduro amanhã (sexta-feira), com a presença de vários chefes de Estado da América Latina, inluindo a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, vai ajudar a normalizar a situação do país.
O deputado José Stédile (PSB-RS) também avalia que “o que acontece com a não aceitação do resultado das eleições é uma tentativa de golpe”. Segundo ele, “independente da baixa diferença, nós achávamos que havia possibilidade de tentativa de golpe. O perdedor acusa o oficial de ter usado a máquina, mas o que se soube é de ter ocorrido exatamente o contrário, o abuso do poder econômico, com financiamento internacional na campanha (de Capriles) que afronta a democracia e autonomia dos povos”.
Stédile, a exemplo dos demais parlamentares brasileiros, espera que a situação se normalize e a Venezuela possa continuar seu caminho rumo ao desenvolvimento. “A Venezuela é um país importante para América Latina, independente dos governos, e fundamental para a economia regional e o futuro do Mercosul”, diz, explicando o interesse do Brasil pela situação no país.
Vontade do povo
O deputado Fernando Ferro (PT-PE) fez um discurso no Plenário da Câmara, esta semana, criticando a postura da mídia frente à eleição de Nicolás Maduro. “A maioria do povo da Venezuela fez uma escolha política. Não cabe agora a ninguém incentivar um golpe ou uma tentativa de deslegitimar a vitória”, afirmou.
“De uma maneira torpe, de uma maneira criminosa, tenta-se desconhecer a vontade da maioria do povo da Venezuela, que elegeu de maneira democrática o seu presidente”, ressaltou Ferro.
O parlamentar reafirmou a importância da luta do povo venezuelano e do fortalecimento dos laços de amizade entre Brasil e Venezuela, “por meio da continuação do trabalho do bravo comandante Hugo Chávez, que é um exemplo de liderança política, um grande quadro político, com uma importância inscrita na história do continente”.
A eleição do presidente Nicolás Maduro, acrescentou Fernando Ferro, “significará a continuidade desse projeto, e é isso que incomoda uma parcela da elite do Brasil, que está vinculada a interesses atrasados e entreguistas da Venezuela e do Brasil, mas a soberania popular prevaleceu”.
De Brasília
Márcia Xavier