Comissão da Verdade busca arquivos de desaparecidos na Argentina
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) inicia nesta quarta-feira (17) na Argentina uma missão de três dias em busca de documentos e informações sobre brasileiros desaparecidos no exterior durante o período da ditadura de 1964. O coordenador Paulo Sérgio Pinheiro e dois pesquisadores da CNV visitarão os principais arquivos do país e se reunirão com entidades da sociedade civil e representantes de instituições de governo que trabalham com os temas Direitos Humanos e ditadura no país vizinho.
Publicado 18/04/2013 09:38
A viagem faz parte dos trabalhos do GT que estuda casos de violações de Direitos Humanos cometidas contra brasileiros no exterior e contra estrangeiros no Brasil no período da ditadura militar (64-85) e do GT Condor. Além de 11 casos de brasileiros desaparecidos na Argentina, a CNV também busca informações sobre seis argentinos que desapareceram no Brasil entre 1974 e 1980. Outros cinco casos de brasileiros desaparecidos no exterior também serão investigados nos acervos argentinos.
A CNV não só buscará informações sobre os militantes desaparecidos, mas também solicitará buscas a respeito de 37 organizações políticas sujeitas a repressão e 17 órgãos de repressão e inteligência brasileiros que atuaram entre 1946 e 1988. Acredita-se que documentos e registros produzidos pela ditadura brasileira possam estar espalhados em acervos fora do Brasil, como uma estratégia dos regimes autoritários para dificultar o acesso às informações.
Entre os dias 17 e 19 de abril, os integrantes da CNV serão recebidos pela coordenação do Arquivo Geral da Chancelaria, pela direção do Arquivo Nacional da Memória, pela procuradora geral da República Argentina, Alejandra Gils Garbó, pelo secretário de Direitos Humanos da Nação, Martín Fresneda, e pelo chanceler argentino, Héctor Timerman.
"A experiência pioneira da Comissão Ernesto Sabato, a Conadep, a Comissão Nacional dos Mortos e Desaparecidos na Argentina, nos anos 1980, é uma referência para a CNV. Depois dela, o formidável trabalho de recuperação da memória, documental ou dos lugares da repressão, é fundamental para nosso trabalho. Além disso, há fontes documentais decisivas pra reconstituir as graves violações cometidas contra brasileiros nos períodos de ditadura nesse país. É admirável o apoio e a colaboração que estamos recebendo das instituições irmãs da CNV aqui em Buenos Aires", afirmou Paulo Sérgio Pinheiro logo após chegar à capital portenha.
A CNV se reunirá também com ONGs de reconhecida atuação na busca e preservação da memória, como Abuelas de Plaza de Mayo, Madres de Plaza de Mayo, Asociación Permanente por los Derechos Humanos (APDH), Centro de Estudios Legales y Sociales (CELS), Memoria Abierta e a Unidade de Direitos Humanos do Conselho da Magistratura. A equipe da CNV também visitará a Embaixada do Brasil em Buenos Aires.
Fonte: Portal da CNV