Secretaria da Mulher discute violência nas escolas
Durante os "Mutirões de Informação, Formação e Cidadania" – projeto "GDF fazendo gênero nas escolas", a Secretaria da Mulher debate com a comunidade escolar, incluindo os alunos, para reforçar que a violência contra as mulheres não está limitada a uma cultura, uma região ou um país específico, nem a grupos de mulheres em particular dentro de uma sociedade. As raízes da violência contra as mulheres decorrem da discriminação persistente contra elas, advindas da cultura patriarcal e machista.
Publicado 08/04/2013 09:25 | Editado 04/03/2020 16:40
Você já parou para pensar em como a cultura patriarcal influencia na violência contra a mulher? Se a sua resposta for não, propomos que faça um resgate histórico da forma como a qual a condição da mulher foi imposta durante muitos anos na sociedade, mais precisamente até antes de 1989. Se sua resposta for sim, ótimo – você está no caminho para entender o que é violência doméstica e de gênero e como cada um pode contribuir para mudar uma realidade triste: aquela que mata 4,6 mulheres a cada 100 mil cidadãs.
Para reforçar este entendimento, a Subsecretaria de Políticas para as Mulheres mostra exemplos práticos do dia a dia da população, como as histórias em quadrinhos de uma turma do bairro do Limoeiro – onde é possível encontrar sinais claros de uma subjugação das mulheres -; cenas de cinema, como a do filme "Lincoln", de Steven Spielberg, onde fica claro que é considerado "absurdo" conceder liberdade e autonomia às mulheres; e a própria legislação brasileira que, durante muitos anos, considerou as mulheres como propriedade de seus esposos, permitindo inclusive o estupro na sociedade conjugal.
"Ao trazermos este debate para as escolas agimos com o propósito de eliminar conteúdos sexistas e discriminatórios e promover a inserção de componentes curriculares de educação para a equidade de gênero. Além disso, reforçamos o papel do Estado, da escola e da sociedade na construção de uma cultura de equidade de gênero e de respeito à diversidade. Uma educação não-sexista não reforça a concepção de um mundo masculino superior ao feminino; não limita a capacidade e autonomia feminina. Ela é o contrário disso: estabelece co ndições de igualdade de oportunidades para ambos os sexos", explica Olgamir Amancia, secretária de Estado da Mulher.
Somente neste ano, a Secretaria da Mulher já percorreu cinco escolas do DF, realizando oito edições do mutirão. O último encontro aconteceu a Ceilândia Norte, no Centro de Ensino Médio 2, durante todo o dia. A meta é realizar mais 32 edições e, em 2014, lançar o livro "Cartas das Educadoras e dos Educadores do GDF sobre gênero e sexualidade", que servirá como um instrumento de trabalhopermanente e representativo da cultura de gênero de todas as Coordenações Regionais de Ensino do Distrito Federal.
Nesta última edição, os alunos contribuíram de forma significativa para formar um novo entendimento acerca do que foi imposto à sociedade durante muitos anos. Os alunos Lucas e Gabriel, por exemplo, escreveram que "alguns dos brinquedos oferecidos às crianças impõem a permanência da condição masculina como a de 'provedor' e a feminina como a de 'frágil e destinada à vida doméstica'".
A busca por uma educação não-sexista no Distrito Federal ainda encontra outro pilar importante. Isso porque o Conselho de Educação do DF uniu-se à Secretaria de Educação e publicou, em outubro de 2012, a Resolução Normativa nº 1/2012, que reformula e atualiza as normas para o sistema de ensino. O documento inclui um artigo que assegura como conteúdo obrigatório, nos ensinos fundamental e médio, os direitos da mulher e todas as questões sobre gênero.