Colômbia: Farc e governo continuam desenvolvendo diálogos de paz
O governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP) entraram na terceira semana do recesso programado do diálogo de paz, realizado em Cuba. O período de recesso é marcado por uma intensa atividade das partes, que continuam trabalhando pelas negociações.
Publicado 08/04/2013 10:20
Além das consultas internas e avaliações em torno das conversações organizadas na capital der Cuba, Havana, desde 19 de novembro, tanto as Farc quanto o Executivo emitiram pronunciamentos e comunicados otimistas sobre o processo que se desenvolve a partir de uma agenda de seis pontos.
Entre as declarações se destaca a ratificação pelo governo e pela guerrilha do seu compromisso com a busca do fim de um conflito estendido por quase seis décadas, com um saldo de milhares de mortos e milhões de pessoas deslocadas.
O líder da equipe das Farc nas conversações comandante Iván Márquez pediu a construção da paz com justiça social e a agregação de boa-vontade nesse desempenho.
O chefe da delegação governamental e antigo vice-presidente Humberto de la Calle, à sua vez, pediu que se releve as diferenças para priorizar o objetivo de alcançar a paz, desejada por todos os colombianos.
As partes criticaram setores que acusam de sabotar o processo de paz. Neste sentido, o presidente colombiano Juan Manuel Santos qualificou de “propaganda negra” os critérios vertidos por pessoas que identificou como “inimigos da paz”, entre eles o ex-presidente Álvaro Uribe.
A esse respeito, as Farc-EP advertiram sobre as “diatribes incendiárias” de Uribe e dos “disparos com escopeta” do também ex-presidente Andrés Pastrana contra o processo.
A mesa de diálogo em Havana, neste recesso iniciado em 22 de março, gerou manchetes pela incorporação à mesma do guerrilheiro Pablo Catatumbo e a reiteração por Santos do rechaço ao cessar-fogo bilateral proposto pelos insurgentes.
Durante os últimos dias também se informou que as Comissões de Paz criadas pelo Congresso abordaram com especialistas de El Salvador e Guatemala experiências sobre a implementação de acordos para colocar fim a conflitos armados nestes países.
O diálogo em Cuba deve ser retomado, segundo as partes, na segunda metade de abril, com expectativas de concluir as discussões sobre a questão da terra, para passar à questão da participação política, pontos que junto ao narcotráfico e a atenção às vítimas, entre outros, conformam a agenda da mesa.
Sobre a retomada das conversações, De la Calle assegurou que as delegações governamental e das Farc estão perto de selar o ponto mais complexo, relacionado com o desenvolvimento agrário integral.
Os dias do recesso mantêm ainda a polêmica pelas tentativas de vincular as conversações de paz com o cenário eleitoral colombiano, às vésperas das eleições presidenciais de 2014.
Para Iván Márquez, "não se pode forçar a conclusão de uma obra extraordinária que demanda tempo para a sua construção”, sobre o que reivindicou: “não endossem a nós, por favor, as angústias dos tempos eleitorais”.
Porta-vozes das Farc-EP insistiram no seu compromisso com as conversações de paz, mas também pediram para separá-las do ambiente eleitoral.
Com Prensa Latina,
da redação do Vermelho