Embaixador brasileiro defende sistema multilateral de comércio
Na disputa pelo cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), o embaixador brasileiro Roberto Carvalho de Azevêdo alerta que o aumento dos acordos regionais e de áreas de livre comércio fragilizam as negociações multilaterais. Para ele, é fundamental fortalecer as articulações mais amplas.
Publicado 01/04/2013 08:42
“Acredito que os países que participam dessas iniciativas negociariam de bom grado um acordo multilateral mais amplo e ambicioso. Devemos garantir que o sistema multilateral continue sendo a principal ferramenta para a liberalização do comércio”, tem ressaltado Azevêdo durante visitas a vários países.
O embaixador tem mais de 20 anos de experiência em negociações econômicas e comerciais. Antes de ser nomeado representante permanente do Brasil em Genebra, ele exerceu várias funções no Ministério das Relações Exteriores. O diplomata é reconhecido como especialista em assuntos da OMC e do sistema multilateral de comércio.
“Nas últimas décadas, consolidei a bagagem técnica que todo diretor-geral deve ter para forjar consensos e desenvolvi uma rede de contatos que vai dos técnicos aos tomadores de decisão nos mais altos níveis políticos”, disse Azevêdo.
Aos 55 anos, o diplomata brasileiro enfrenta mais oito candidatos na disputa pelo cargo de diretor-geral e busca apoio dos latino-americanos e africanos. Além do brasileiro, concorrem à direção-geral da OMC Alan John Kwadwo Kyerematen, da Gana; Anabel González, da Costa Rica; Mari Elka Pangestu, da Indonésia; Tim Groser, da Nova Zelândia; Amina C. Mohamed, do Quênia; Ahmad Thougan Hindawi, da Jordânia; Herminio Blanco, do México, e Taeho Bark, da Coreia do Sul.
Nova etapa
O embaixador brasileiro enfrenta a partir desta terça-feira (2) uma nova etapa na disputa, em Genebra, na Suíça. É o início das consultas informais aos países que integram a organização sobre suas preferências entre os nove candidatos à função. A decisão final ocorre até 31 de maio.
O processo de escolha do diretor-geral da OMC é conduzido de tal maneira que se obtenha um nome de consenso. Não há voto, mas disputa entre os que detêm mais apoio entre os integrantes do órgão.
Rodadas de consultas
O Ministério das Relações Exteriores informou que serão três rodadas de consultas. Na primeira, de 2 a 9 de abril, há as indicações de cada um dos membros da OMC. Os cinco nomes mais votados avançarão para a rodada seguinte, que ainda não teve as datas anunciadas.
Na segunda etapa, serão selecionados dois nomes, que disputarão a rodada final de consultas. O processo deverá estar concluído até 31 de maio. O candidato selecionado deverá assumir em setembro, quando termina o mandato do atual diretor-geral, o francês Pascal Lamy, que tomou posse no cargo em 2008.
Desde o lançamento de sua candidatura, em 28 de dezembro de 2012, o brasileiro visitou as capitais de 46 países-membros da organização para apresentar suas propostas. Azevêdo esteve na América do Sul, Europa, América Central, no Caribe e na África, assim como na Ásia e no Oriente Médio.
Segundo Azevêdo, suas propostas baseiam-se em três pilares: as negociações, o monitoramento dos acordos existentes e a solução de controvérsias. De acordo com ele, as negociações exigem atenção dos membros da OMC. O brasileiro alerta que sem a reativação das negociações, a organização corre o risco de perder credibilidade e relevância como instrumento para liberalizar o comércio internacional.
Fonte: Agência Brasil