Público lota auditório durante Assembleia dos Movimentos Sociais
Organizações do mundo inteiro se reuniram no final da tarde desta sexta-feira (29) em mais uma Assembleia dos Movimentos Sociais, uma das atividades de encerramento do Fórum Social Mundial, que termina no sábado (30). Os militantes presentes no auditório da Faculdade de Direito, da Universidade El Manar, em Túnis, Tunísia, protagonizaram sucessão de palavras de ordem que regeram toda a assembleia.
Por Deborah Moreira, de Túnis para o Vermelho
Publicado 29/03/2013 16:59
Entre as palavras de ordem, muitas pediam o fim do capitalismo e exaltavam líderes mundiais de esquerda como Chokri Belaid e Hugo Chávez.
Músicas típicas árabes de luta foram cantadas pelos presentes e um rap foi cantado a capela por um tunisiano. Estima-se que cerca de duas mil pessoas estavam presentes dentro do auditório. E algumas centenas, pelo menos, ficaram do lado de fora, devido a grande quantidade de pessoas. Com idioma original em francês, algumas falas tiveram traduções para o inglês, o espanhol e o árabe.
A assembleia começou com uma menção aos imigrantes que foram impedidos de entrar no país para participar do fórum como, Yilmaz Orkan, que é membro do Conselho Internacional do FSM e faz parte da Rede Curda e da Rede Mundial de Direitos Coletivos dos Povos (RMDCP). Yilmaz, que é conhecido internacionalmente por sua luta contra a opressão dos povos, foi detido no aeroporto internacional de Bruxelas no domingo (24) quando estava a caminho do FSM.
“Nós, participantes do Fórum Social Mundial (FSM) em Tunis 2013, condenamos a prisão de Yilmaz Orkan”, diz um trecho da carta assinada por mais de 30 dirigentes e militantes e divulgada durante o FSM. De acordo com o documento, a detenção do ativista curdo teria sido solicitada pelo governo espanhol e pela Europol, sob o pretexto dele ser membro do Partido dos Trabalhadores Curdistão (PKK) acusados de terrorismo – eles estariam na lista da União Europeia de “organizações terroristas”. A carta encerra afirmando: “Nós denunciamos essa prática como uma ferramenta de criminalização da luta dos povos curdo por seus direitos básicos da República da Turquia e Oriente Médio!”
Também foi feito um minuto de silêncio por Chokri Belaid, líder da esquerda tunisiana, assassinado em fevereiro deste ano.
Outras lutas da região foram mencionadas, como a da Palestina e do povo saharaui. Muitas lideranças feministas presentes reforçaram a luta contra o machismo, o patriarcado e o fundamentalismo islâmico de algumas regiões de países muçulmanos que afetam diretamente a autonomia das mulheres.
“Temos que avançar com a luta anticapitalista que não terá sucesso se não for feminista”, reforçou Ahlem Belhard, presidenta da Associação Tunisiana de Mulheres Democratas, uma das lideranças convidadas a falar durante a assembleia.
Entre os discursos está muito presente a preocupação com a unidade dos povos e, ao mesmo tempo, a manutenção da diversidade cultural da região do Norte da África. O mundo árabe não é homogêneo e suas lutas específicas precisam ser respeitadas. É preciso um olhar não ocidentalizado sobre esse povo, que tem sua própria maneira de se organizar e de lutar por seus direitos. Assim seguem as primaveras.