Mesmo em baixa com o eleitor, Aécio recebe benção de Alckmin

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) recebeu nesta segunda (25) a benção do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ao seu projeto de assumir a presidência do PSDB. Este é considerado um dos passos mais importantes pela cúpula do tucanato que apoia o nome de Aécio para a disputa ao Planalto em 2014.

A declaração de apoio ao mineiro foi dada em um evento do diretório estadual do PSDB na capital paulista, do qual participaram os principais nomes do partido no país — com exceção do ex-governador José Serra.

Aécio desembarcou em São Paulo na última sexta-feira (2) e passou quatro dias em encontros e reuniões internas, na tentativa de superar a resistência dos tucanos paulistas ao seu projeto.

Aparentemente, a manobra interna de Aécio deu resultado. Uma declaração de Alckmin a seu favor soou como uma benção paulista ao senador mineiro. "A mensagem que eu sinto de todo o partido é: assuma a presidência do PSDB”, disse o governador.

Após a fala de Alckmin, Aécio fez discurso de candidato ao Planalto e afirmou não ter medo dos "índices da presidente [Dilma Rousseff] nas pesquisas de opinião". A autoconfiança do senador mineiro contrasta com a realidade. Depois de registrar na última terça (19), 79% de aprovação pessoal e 63% de aprovação de seu governo, a presidenta Dilma Rousseff é favorita para reeleição ainda no primeiro turno das eleições 2014.

O Datafolha publicou pesquisa, nesta sexta-feira (22), que aponta Dilma que se as eleições fossem hoje, Dilma venceria com 58% dos votos. Já a pesquisa Ibope mostra que a presidenta Dilma tem 76% de potencial de voto. O potencial de Dilma é três vezes maior do que o do tucano Aécio Neves (PSDB), que amarga apenas 10% da preferência do eleitorado brasileiro.

Serra

Mas antes de pensar na briga pelo Planalto, o senador tucano ainda precisa vencer a resistência do grupo de Serra, desafeto antigo do mineiro na sigla. Há cerca de duas semanas, num gesto de solidariedade a Serra e de alerta a Aécio, Alckmin chegou a informar o mineiro de que não concordava com seu projeto de presidir o PSDB. A fala fez com que Aécio intensificasse contatos com o governador.

Questionado sobre a mudança de posição, Alckmin respondeu que havia "se incorporado" ao movimento pró-Aécio na presidência do PSDB, capitaneado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Já aliados do governador afirmam que ele decidiu não arcar com a conta de ser o principal entrave ao projeto do mineiro. Antes do evento, Alckmin avisou aos líderes do PSDB no Congresso que endossaria o pleito de Aécio pela presidência do partido.

Com o sinal do governador, 22 deputados foram ao evento (metade da bancada da sigla), inclusive os principais apoiadores de Serra — que não compareceu porque estava em viagem fora do país. Questionado sobre a ausência de Serra, Aécio disse que preferia "agradecer a presença dos que vieram".

Desunião

A desunião do tucanato pode ser ainda um entrave político para o PSDB cooptar alianças para seu projeto em 2014, fragilizar ainda mais as pretensões e pavimentar um caminho para mais uma derrota.

Da redação do Vermelho,
Mariana Viel – com informações da Folha de S.Paulo