CTB critica descaso do governo do estado de SP com metrô 24h

 Na última quarta-feira (20), dirigentes da CTB, trabalhadores metroviários, bancários, representantes da Cia do Metropolitano, integrantes de associações de moradores de bairros e parlamentares se reuniram na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para debater o funcionamento do metrô 24h.

A audiência foi promovida pelos deputados Leci Brandão (PCdoB) e Luiz Cláudio Marcolino (PT), autores de dois projetos de lei sobre o tema. Marcolino concebeu a proposta para que o Metrô atenda à população 24 horas, todos os dias, enquanto a deputada Leci Brandão defende que o transporte funcione durante todo o fim de semana.

Integração

Durante a audiência, os dirigentes da CTB defenderam a necessidade de começar a implantação, a princípio, de forma parcial, somente aos finais de semana.

No início dos debates, Marcolino autor de Projeto de Lei que institui a operação do Metrô por 24 horas em todos os dias, informou aos presentes sobre a demanda apresentada pelos trabalhadores nos setor financeiro, comércio, bares, restaurantes entre outros setores. O parlamentar apresentou ainda estudo que mostra o crescimento da arrecadação do ICMS e as liberações de empréstimo junto á instituições financeiras nacionais e internacionais, autorizadas pela Assembleia Legislativa, num total de R$16 bilhões, para investimentos no Metrô.

Onofre Gonçalves de Jesus, metroviário e presidente da CTB São Paulo, destacou que, antes de tudo, é preciso que se crie condições para que o projeto seja implantado e atendendo aos anseio da população pelo metrô 24 horas. Para criar essas condições é necessário resolver os problemas técnicos com vontade política. “Atualmente enfrentamos o descaso do governo estadual com o sistema metroviário de SP, que inclui a falta de investimentos em manutenção preventiva, tecnologia e pessoal. É preciso que se mude essa consciência também”, afirmou o dirigente.

Para o dirigente da CTB, Flávio Montesinos Godoi, que atualmente é Supervisor de Linha (SL) na linha 3 – Vermelha, existe a possibilidade de utilizar somente uma via (a chamada via singela), nos finais de semana, para fazer a viagem ida e volta. “Dessa forma, a outra ficaria para a manutenção. Como a demanda nos finais de semana à noite tende a ser menor é possível também aumentar o intervalo entre os trens”.

Outra questão levantada por Godoi foi a necessidade de interlocução entre estado e prefeitura, para viabilizar o projeto, diante da necessidade de funcionamento dos ônibus 24 horas. “É preciso que aja uma integração no sistema de transporte”, afirmou.

O movimento pelo funcionamento do metrô 24h vem ganhando força nas redes sociais. Uma petição hospedada no Avaaz, especializado nesse tipo de pedido, já conta com mais de 90 mil assinaturas.

Metrô contra

Apesar dos apelos da sociedade e dos representantes sindicais, o presidente do Metrô, Peter Walker, e o secretário dos Transportes Metropolitanos do governo de São Paulo, Jurandir Fernandes, não compareceram à audiência pública, que contou apenas com a participação do gerente de manutenção do Metrô de São Paulo, Milton Joia.

Segundo ele, o intervalo de paralisação total do sistema, de 3 horas e 30 minutos, é equivalente aos melhores sistemas metroviários do mundo: Tóquio e Seul. Conforme Gioia, o único metrô 24 horas do mundo é o de Nova York, cuja rede permite o transporte dos passageiros aos principais destinos mesmo com o desligamento parcial de trechos para a manutenção.

Contrário à proposta, Gioia, listou os principais serviços feitos durante a madrugada –como manutenção dos trilhos, dos trens, do sistema de circulação, lavagem das vias. "Se não houver inspeção e tivermos um trilho trincado, podemos ter um descarrilamento", justificou.

Segundo ele, a malha ferroviária foi concebida para operar do jeito que está e, para haver mudanças, seriam necessárias efetuar opções a médio prazo.

Fonte: CTB-SP