Presença ativa da juventude é umas das marcas do “PCdoB 91 anos”

Apesar dos 91 anos, completados nesta segunda-feira (25/3), o Partido Comunista do Brasil é um partido novo. Novo porque, além de apresentar ideias novas para o país, tem em seu quadro uma vasta lista de nomes da nova juventude – consciente, atuante e disposta a levar a legenda para bem mais longe.

São jovens como Manuela Simões, vice-presidenta da UJS (União da Juventude Socialista) e diretora do Movimento Estudantil Universitário, que escolheu o PCdoB para militar. Filiada há 10 anos, ela comemora a nova fase de crescimento do partido e diz estar disposta a contribuir para o fortalecimento da luta maior: pelo socialismo. Confira a entrevista.


– Por que escolheu o PCdoB?

Comecei militando na UJS (União da Juventude Socialista), como todo quadro jovem do partido que começa sua militância. Ingressei quando era secundarista, tinha 17 anos de idade. Ao longo do tempo, a gente vai conhecendo as lutas e as ideias do partido e passa a conviver com as lutas diárias, as batalhas que o PCdoB vive na atualidade. Conhecemos também a história, o legado que o partido tem, a marca que deixa – é uma marca muito colada com a História do Brasil, [como por exemplo] a Guerrilha do Araguaia, a Ditadura Militar. Tudo isso me motivou para essa luta, uma luta de ideias, de um mundo mais justo, a entrar na fileira do partido, a ajudar a construir esse socialismo.


– Sobre esses episódios da História citados: Você tem contato, no partido, com pessoas que viveram na Ditadura Militar, que estiveram ligados à guerrilha. Como é a relação com esses nomes? E qual a sensação de estar ao lado delas?

É uma relação de referência. Eles são uma referência, são pessoas que viveram na época da Ditadura, batalharam para que o partido tivesse a face que tem hoje. A gente sabe que eles viveram em um momento que, falar sobre partidos políticos, poder ser de esquerda, era uma coisa muito difícil. Agora, a gente vive um momento muito bom, que vem desde o Governo Lula, até os dias atuais, mas eles se tornam uma referência. Quando a UJS tem cursos de formação, a gente convida essas pessoas para elas poderem passar um pouco dessa experiência, o que foi a Ditadura Militar. É uma referência de luta, da batalha que eles viveram e de liderança, que a gente sabe que são poucas no país. Mas no PCdoB ainda temos essas lideranças, que trazem a marca do combate à Ditadura e da luta pela Redemocratização. Pra gente, é um privilégio ter essas referências, que ajudam a gente nas nossas batalhas e ajudam também, sabendo do passado, a lutar para o futuro do país.

– O PCdoB vive, e o próprio país também, um momento diferente. A tão buscada democracia foi conquistada e, agora, o partido deixa de ser oposição para estar ao lado de um novo projeto, iniciado por Lula. O que muda com essa nova realidade? Quais os novos desafios?

Claro que a gente vive em um momento diferenciado. A gente consegue ver, nitidamente, as mudanças no nosso país, a quantidade de pessoas que saíram da linha da pobreza, das pessoas que são beneficiadas pelo ingresso na universidade. O Governo Federal conseguiu abrir novas universidades e fazer uma reestruturação na outras universidades. No caso da Universidade Federal da Bahia (UFBA), a gente vê a universidade mudando, pela quantidade de pessoas que estão entrando, pela mudança de perfil. Isso ajuda a ter novos desafios. Muita coisa foi alcançada, mas muitas batalhas estão por vir. O partido fala um pouco sobre isso. A reforma política é algo importante, está na ordem do dia. Sem uma reforma política, a gente não consegue mudar a estrutura que existe hoje no país. Isso é uma batalha importante e que a gente precisa combater. Na educação, também, porque a gente sabe que muita coisa avançou, mas ainda existem muitas lutas a serem travadas. Os 10% do PIB (Produto Interno Bruto) para a Educação é uma delas. Foi alcançada, mas ainda existe muita coisa a ser debatida. Os 50% do pré-sal para a Educação, que é o caso dos royalties, é uma batalha nossa, da juventude, que a gente vive no nosso dia-a-dia. Dilma [Housseff] sancionou, mas a gente sabe que para ele ser colocada em prática é preciso passar por algumas etapas. A luta por mais verbas para a educação é nossa porque a gente sabe que é um setor estratégico, para que o nosso país se desenvolva, que consiga formar jovens, na perspectiva de mudança e desenvolvimento do país. São batalhas diferentes das da época da ditadura, do neoliberalismo de [Fernando] Collor, FHC [Fernando Henrique Cardoso], mas são batalhas que a gente precisa estar nas ruas, no nosso cotidiano, pautando, com a sociedade, para que elas sejam garantidas.


– O que você ainda quer ver do/no PCdoB?

A expectativa é de crescimento. O PCdoB teve a sua militância muito ceifada na época da Ditadura Militar, mas agora vive um processo de crescimento e é um dos que mais crescem, no país. Esse avanço é devido à política acertada que o partido tem, em relação às propostas que a gente tem, ao programa muito avançado que vem ajudar no desenvolvimento do país. Então, espero que o PCdoB continue crescendo, de uma forma qualificada, da forma que vem crescendo, com quadros novos, mas com consciência política e com a consciência de qual o papel que a gente tem. O que a gente espera para o PCdoB, também é o fortalecimento do partido e o crescimento dele nas bases sociais, nas bases que a gente atua. Que a gente consiga fazer que, com 100 anos, o partido seja mais forte, grande e que continue com as suas ideias e finalidades atuais, que são referentes à luta pelo socialismo.

Entrevista a Erikson Walla,
Da Redação da Bahia