Dennis Dauttmam avalia início de gestão e projeta desafios

 O prefeito de Belford Roxo, Dennis Dauttmam (PCdoB-RJ), sempre deixou claro que seu governo seria de parcerias. E não deixou isso só no discurso. Esteve com o governador Sergio Cabral e já garantiu asfalto para recuperar as vias da cidade; viajou para Brasília e visitou vários gabinetes de ministros, em busca de recursos para as obras prioritárias e emergenciais do município.

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Dennis mobilizou todas as equipes, de todas as secretarias, dando um novo ritmo à administração da prefeitura; e foi para as ruas, para conversar com a população de frente, como fez durante a campanha, assumindo compromissos e explicando por que deixou de atender algum pedido.

Em entrevista, Dennis Dauttmam faz um balanço desse seu início de gestão e reconhece que há muito por fazer. Mas, para executar os projetos de seu governo, está saneando as contas e recuperando as finanças da prefeitura, que encontrou em frangalhos. Sua preocupação maior é que o servidor seja respeitado, e que os salários não voltem a atrasar. Numa conversa franca, o prefeito revela os problemas que herdou e seus planos para que o morador de Belford Roxo tenha orgulho em defender sua cidade.

Confira na íntegra a entrevista:

Prefeito, qual a sua avaliação desse início de governo?

– Encontramos muitos problemas. Tínhamos a expectativa, sim, de encontrar a cidade com alguns problemas, mas não do tamanho que encontramos. Sou morador há mais de 40 anos, conheço a realidade, mas, mesmo assim, fiquei surpreso. Esperava, por exemplo, encontrar o Hospital do Joca com o centro cirúrgico funcionando. Estava em obras. Havia recursos na gestão anterior para isso. Mas, encontrei no tijolo, sem equipamentos, sem nada. Uma recepção só no tijolo.

Então, o senhor encontrou a Saúde no caos?

– Sem médicos, funcionando precariamente, sem uma estrutura adequada para atender a população. Nós assumimos esses problemas todos para solucioná-los o mais rápido possível.

E o orçamento da prefeitura? Muitas dívidas?

– Esperávamos encontrar a prefeitura com algum endividamento. Quando muda o governo, sempre ficam dívidas. Mas, não do tamanho que encontramos. Hoje, está passando de R$ 200 milhões de endividamento. A cidade tem pouco mais de R$ 500 milhões de arrecadação anual. E você pega a cidade com quase a metade comprometida em dívidas, é uma situação bastante complicada. Não é tão fácil equacionar isso.

E a Educação?

– O município tem mais de 100 unidades de ensino, entre escolas e creches, que não foram reformadas. Nenhuma foi construída em quatro anos. E nós temos que transformar a cidade. Vamos ter que construir e reformas as escolas, fazer mais creches. E já iniciamos, com o apoio do governo federal, através do Ministério da Educação, incrementar esse processo. Já estamos identificando áreas para começarmos as obras de construção de novas escolas. Isso em 60 dias de governo, mas estamos correndo contra o tempo. Então, é prematuro para fazer um diagnóstico completo da situação. Mas estamos reunindo os recursos possíveis do município, indo atrás de emendas em Brasília, buscando parceria com o governo estadual para viabilizar nossos projetos.

Como o senhor vai reverter a situação do município com o pior Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) do estado?

– É um grande desafio. Coloquei uma equipe técnica-pedagógica para trabalhar para que a gente seja uma referência positiva do Ideb no estado. Vamos dar melhores condições de trabalho para os profissionais da Educação, salários adequados, com profissionais que tenham satisfação em trabalhar. Para mudar esse quadro negativo, estou visitando as escolas e conversando com os diretores, com os professores, e com os pais. As crianças terão uma alimentação de qualidade, com espaços modernos e estrutura para estudar e se desenvolver. Tudo isso vai contribuir para melhorar a nossa posição no Ideb. Vamos incentivar também os profissionais, pagando gratificações com a melhora do desempenho. É obrigação do profissional, mas sei reconhecer um bom trabalho.

O senhor esteve recentemente com o governador Sergio Cabral, em audiência no Palácio Guanabara. Que tipo de compromisso ele assumiu para colaborar com a administração da Prefeitura de Belford Roxo?

– Ele foi muito objetivo. Disse: "Dennis, reúna uma equipe de técnicos para viabilizar os projetos e, juntos, vamos fazer muito pela população de Belford Roxo. Eu vou te ajudar em tudo o que for possível. Nós temos uma dívida com aquela população, por falta de parcerias de governos anteriores".

O senhor já preparou essa equipe?

– Imediatamente determinei a instalação de uma CGP (Coordenadoria Geral de Projetos). Estamos identificando os problemas de Belford Roxo, a demanda do município, para desenvolver os projetos de cada segmento e executar as obras, a partir dessas parcerias com os governos federal e estadual.

Pela sua percepção, como morador da cidade e político, agora no executivo da administração do município, os problemas são enormes, né?

– Sem dúvida. Um município com 79 quilômetros quadrados, uma cidade muito grande, se compararmos com São João, que são 34 quilômetros, Mesquita, com 12, Nilópolis, com a mesma área. E os recursos desses municípios são praticamente os mesmos. Os recursos de São João são os mesmos de Belford Roxo. Só que nós temos o dobro de escolas, o dobro de estradas, para fazer obras e saneamento, necessidade de mais postos de saúde. Ou seja, precisamos de mais recursos para arrumar a casa.

Como está a situação do recolhimento de lixo?

– No dia 2, a cidade estava coberta de lixo. Imediatamente organizei um mutirão para amenizar o sofrimento da população. estou pedindo a ajuda da população, porque criaram um hábito ruim. Como o lixeiro não passava regularmente, criaram o hábito de deixar o lixo na esquina, como se fosse ponto de recolhimento. Eu peço que não façam isso. Coloquem o lixo no dia em que o lixeiro vai passar na sua porta.

O que o senhor pretende fazer para marcar sua administração na cidade, de imediato?

– Quero resgatar a auto estima da população com muitas ações positivas. Mas, não vamos fazer maquiagem. Vamos realizar coisas definitivas. Hoje, você entra na cidade e não vê nada de novo acontecendo. Mas, logo você vai perceber a mudança. Temos uma cidade que tem potencial, uma população esperançosa, que tem garra, vontade de trabalhar. Diante disso, minha determinação é fazer uma grande transformação na cidade. Tenho dito isso para os amigos vereadores, propondo também parceria para que juntos possamos fazer essas mudanças. Temos 25 vereadores comprometidos com a mudança da cidade. Fui vereador por dois mandatos e sei a importância do trabalho deles. Eu sempre digo: não importa o tamanho dos problemas, mas a nossa capacidade de superá-los.

Pode citar mais um exemplo concreto da parceria com o governo do estado?

– Apenas para Nova Aurora já conseguimos a liberação de R$ 12 milhões para obras de saneamento. Vamos acabar com aqueles valões. Está liberando também 74 quilômetros de asfalto para a realização do Programa Bairro Novo. O que significa isso: o governo do estado faz asfalto, obras de águas pluviais, esgoto, pintura, arborização e iluminação. Por isso que se chama Bairro Novo. É um projeto que apresentamos para mudar a cara dos bairros, oferecer dignidade para os moradores.

Algum outro projeto em execução dessa parceria?

– Apresentamos um projeto para duplicação da Avenida Joaquim da Costa Lima, que corta a cidade. Isso já está sendo viabilizado. Está liberando 11 quilômetros do projeto Asfalto na Porta, que vai ser iniciado na próxima semana (final de março). Está liberando quatro Clínicas da Família. Essa parceria do governador Sergio Cabral, sem dúvida, está sendo muito importante.

E a iniciativa privada, o senhor já se reuniu com esse segmento?

– Sim, queremos criar aqui um polo industrial, atrair novas empresas, gerar mais empregos e renda para os trabalhadores. Isso significa mais arrecadação para o município, mais desenvolvimento para a cidade. Temos um plano de incentivo fiscal para a criação desse polo e já conversei com os empresários que mostraram muito interesse e já estão começando a trabalhar nos projetos com a gente.

Mas, com tantos problemas, que prioridade o senhor estabeleceu?

– A prioridade número um do nosso governo é a Saúde. Vamos reformar e fazer mais postos. Encontramos a população desassistida. Era necessário contratar mais médicos, mas faltava também gestão nas unidades. Vamos contratar mais pediatras, mais ortopedistas, mais clínicos, mais cirurgiões, e colocar o centro cirúrgico do Joca para funcionar. Vamos trabalhar com muita determinação para que a população tenha dignidade e respeito.