Cúpula do Brics: uma nova etapa de desenvolvimento
Nos dias 26 e 27 de março na África do Sul será realizada a cúpula do grupo Brics que irá encarnar uma guinada radical na história dos países que o integram.
Publicado 25/03/2013 18:09
Os peritos afirmam que serão discutidas as questões de formação de um secretariado, banco de desenvolvimento e de um banco de ajustes internacionais entre a Rússia, o Brasil, a Índia, a China e a África do Sul. Durante o encontro de Durban serão analisados problemas de economia, ecologia e de usufruto da natureza no continente africano. Isto será feito pela primeira vez em toda a história das cúpulas do Brics e a respectiva iniciativa pertence precisamente ao país africano.
Ao mesmo tempo, o presidente do Comitê Nacional de Pesquisa do Brics Viacheslav Nikonov apontou durante a teleponte de hoje entre Moscou, Pequim e Nova Delhi, organizada pela agência RIA Novosti, que os líderes dos países acima mencionados pretendem discutir seriamente as suas relações com os países do Ocidente.
"O Ocidente encara o Brics com um certo ar de inquietação. Pode-se ouvir a opinião de que o Brics será um grupo reacionário, um contrapeso à civilização ocidental e, inclusive, que a própria existência do Brics seria impossível devido a divergências entre os países que o constituem. Todavia, precisamente os países-membros do grupo Brics é que desempenham o papel de locomotiva de desenvolvimento no mundo de hoje. Uma questão importante, ou, inclusive, principal da cúpula de Durban será a organização das instituições do grupo Brics, embora muitas pessoas nem saibam, qual seria o nome exato deste grupo de países. Não se trata de uma aliança, nem de uma organização – é um certo formato de colaboração que vem ganhando força e importância no mundo de hoje."
Viacheslav Nikonov apontou que hoje em dia se realiza o trabalho e criação de um secretariado real do Brics, que seja capaz de assumir as funções de gestão e de coordenação.
Os participantes da teleponte avaliaram positivamente a possibilidade de criação de um banco que permita aos países-membros do Brics realizar os ajustes mútuos em moedas nacionais. Espera-se também que este banco venha a ser um análogo do Banco de Reconstrução e de Desenvolvimento.
Os peritos interpretam este banco como um mecanismo real, capaz de ajudar a resolver problemas monetários, como, por exemplo, o problema recentemente surgido do Chipre. A partidária mais fervorosa da solução desta questão é a Índia. A participante da teleponte Nivedita Kundu apontou, por este motivo, o seguinte:
"A cúpula de Durban será marcada, certamente, com eventos importantes. Trata-se, em primeiro lugar, da criação do banco de ajustes internacionais. Apesar de certas divergências no enfoque desta questão, os membros do grupo Brics não põem em dúvida a utilidade desta instituição. A Índia supõe que este banco poderia ser contrapeso ou complemento à atividade do Banco Mundial. Infelizmente, a atividade desta última instituição financeira nem sempre é eficiente, especialmente no caso de situações críticas. Uma prova patente disso são os eventos no Chipre. A Índia está convencida de que o papel do Brics irá crescer e que a maior atenção deve ser dedicada à economia. Quanto à ampliação deste grupo, por enquanto vale a pena esperar."
A críticas e reproches, feitas ao Brics, consistem, na maioria das vezes, em suposições de que este grupo venha a ser um análogo da Aliança do Atlântico Norte. Mas os lideres dos países-membros do Brics afirmaram reiteradas vezes nos seus encontros que não pretendem criar mais um bloco ou aliança mas têm em vista apenas uma organização, cujos membros estão unidos pela unidade dos seus interesses. A agressividade e o intervencionismo não são para o Brics, ressaltou o diretor do Instituto da América Latina Vladimir Davydov, mais um participantes da teleponte Moscou-Pequim-Nova Delhi.
"O grupo Brics é uma formação incomum no palco internacional da atualidade. O Brics corresponde em grande parte à tendência mundial nova – a diplomacia celular. Esta formação nova incorpora na sua órbita não somente autarquias estatais mas também a sociedade cívica em geral. Isso encerra tanto momentos positivos, como negativos. Até o ultimo momento o Brics desenvolvia-se extensivamente, incorporando na sua órbita um número cada vez maior de problemas, organizações e entidades. Chegou a hora de ordenar este grupo de países, definir o seu modelo. Em vista disso, o Brics deve resolver a tarefa de autodefinição e mostrar ao mundo um tipo novo de organização internacional, de uma associação, capaz de responder aos desafios da atualidade. Se o Brics não encontrar uma resposta adequada, em breve terá lugar o descrédito desta organização. Os lideres dos países que integram este grupo não estão dispostos a perder o ritmo de desenvolvimento e a capacidade de dar resposta correta a questões complexas de desenvolvimento moderno. A cúpula de Durban irá como que traçar o balanço dos cinco anos passados do restabelecimento e abrir uma nova etapa – a etapa de aperfeiçoamento e de criação de estruturas concretas. O Brics encerra novos centros da política e economia mundial."
Os participantes da teleponte foram unânimes na opinião de que o Brics deve encontrar o equilíbrio perdido no quadro do sistema internacional da atualidade. É a missão histórica dos países-membros do grupo Brics. Mas isso implica uma grande responsabilidade. Portanto, é preciso adotar um enfoque ao máximo sério em relação ao mecanismo do Brics, à edificação da organização interna do Brics e ao sistema de relações entre os seus membros e os demais jogadores no palco internacional.
Fonte: Voz da Rússia