Após ingerência, Venezuela rompe diálogo com Estados Unidos
O chanceler da Venezuela, Elías Jaua, informou nesta quarta-feira (20) que a Venezuela suspendeu os canais de diálogo com os Estados Unidos. O país bolivariano tem denunciado, nos últimos tempos, algumas tentativas dos EUA de desestabilizar a Venezuela. O caso mais recente diz respeito às declarações da secretária de Estado adjunta para América Latina, Roberta Jacobson, que criticou a transparência eleitoral do país e a expulsão dos diplomatas estadunidenses da Venezuela.
Publicado 20/03/2013 17:59

“Não podemos continuar perdendo tempo”, disse Jaua após anunciar que havia dado instruções para o embaixador Roy Chaderton suspender os canais de diálogo com o governo de Barack Obama.
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Jaua esclareceu que a atenção consular e diplomática para os venezuelanos nos Estados Unidos funciona com total normalidade.
A deterioração nas relações com a nação estadunidense responde a “uma sequência que não parou e que tem relação com o estado de saúde do presidente Chávez. Os Estados Unidos acreditam que chegou o momento de colocar a mão na Venezuela, porque o Comandante não está”, disse Jaua.
“Tomara que haja uma retificação e termine a ingerência dos Estados Unidos”, disse o ministro de relações exteriores. Na Venezuela “não há nenhuma transição que não seja a transição para o socialismo”, disse Jaua em um ato de condecoração aos diplomatas venezuelanos Víctor Camacaro Mata e Orlando Montañez Olivares, que foram expulsos dos Estados Unidos como represália contra o governo bolivariano pela destituição de dois adjuntos militares estadunidenses no país por espionagem.
Ingerências
No início do mês, o então vice-presidente Nicolás Maduro anunciou a expulsão do adido militar dos Estados Unidos, David del Mónaco, da Venezuela por atentar contra a estabilidade militar e política do país. De acordo com o governo, ele tinha a função de buscar militares ativos para articular atos com o objetivo de desestabilizar a democracia no país bolivariano.
Jaua denunciou a Casa Branca aposta em um cenário de instabilidade no país, mas destacou que o Executivo garantirá a paz na Venezuela.
O diplomata afirmou que uma prova da ingerência de Washington na política venezuelana foi a recente visita do candidato da direita nas próxima eleições, que ocorrerão em 14 de abril, Henrique Capriles a Nova York. “Foi assinar sua hipoteca com os Estados Unidos”, enfatizou.
Eleições limpas e transparentes
No último fim de semana, a presidenta do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Tibisay Lucena, denunciou as declarações ingerencistas da diplomata estadunidense de que “as eleições devem ser justas e críveis” e a insinuação de que delegações de órgãos internacionais deveriam ser convidados para serem observadores nas eleições.
Lucena repudiou estas afirmações e enfatizou que Jacobson “está insinuando que na Venezuela não se cumpre com estas condições fundamentais”.
A representante do órgão eleitoral lembrou a diplomata que o sistema eleitoral na Venezuela “tem o reconhecimento nacional e internacional”. E lembrou que o ex-presidente Jimmy Carter disse que a Venezuela conta com ”o melhor sistema eleitoral do mundo”.
A oposição e a imprensa venezuelanas estão usando as declarações de Jacobson para deslegitimar o processo eleitoral no país. Em declarações feitas em evento realizado nesta quarta (20), Maduro afirmou que, com esta tentativa de desmoralizar Lucena e o CNE, a oposição “espera condições para se retirar das eleições, para invocar atos de violência ou mesmo para alegar fraude no dia das eleições”.
Da Redação do Vermelho, Érika Ceconi e Vanessa Silva
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