Artesãs expõem trabalhos no Liberty Mall

Nesta segunda-feira, a secretária de Estado da Mulher do Distrito Federal, Olgamir Amancia Ferreira, participou da solenidade de abertura da IV Mostra de Artesanato – que acontece no shopping Liberty Mall, na Asa Norte.

O projeto lançado em 2010 já beneficiou cerca de 70 artesãs e é realizado no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher e o Dia do Artesão e da Artesã. O objetivo do evento é valorizar e promover o trabalho artesanal junto ao público que frequenta o centro de compras.

A quarta edição acontece de 18 a 23 de março e envolve 16 grupos de artesãs do Distrito Federal, dos quais três foram indicados pela Secretaria de Estado da Mulher, por meio do programa Rede Mulher Artesã. São eles: Grupo Multifibras, da Emater-DF de Planaltina; a Associação Girassol, do Varjão; e o grupo As Três Baianinhas, que é formado por artistas de Samambaia, Taguatinga, Brazlândia e Ceilândia. Outras 17 artesãs também foram homenageadas, das quais quatro delas (Idalete Silva, Luiza Rodriguez de Souza, Maria dos Reis Moreira de Jesus e Se lma Aparecida Tavares) também foram indicadas pelo programa da SEM-DF.

No Distrito Federal, a principal característica da produção artesanal é a diversidade estética, a pluralidade técnica e a utilização de elementos do cerrado. No entanto, a elevada participação das mulheres na atividade chama atenção. Estima-se que cerca de 80% dos artesãos e dos trabalhadores manuais do DF sejam do sexo feminino. A secretária de Estado da Mulher do Distrito Federal, Olgamir Amancia Ferreira, enxerga o artesanato como uma oportunidade que as mulheres têm de se manifestar. “Por meio da arte, elas revelam suas contradições. São trabalhos marcados não só pela materialidade das condições de subjugação da mulher, mas também pelas esperanças e perspectivas. É algo que traduz o sentimento e uma forma de olhar, que se manifesta de uma forma muito arraigada”, observa.

Mais que revelar a riqueza do artesanato local, a união desses elementos revela também a importância de políticas que compreendam melhor a realidade das artesãs e trabalhadoras manuais e o impacto de seus trabalhos na sociedade. Pesquisas da SEM-DF dão conta de que as artesãs do DF têm, em média, 44 anos de idade, sendo que 64% delas são chefes de família e possuem dois filhos. Para 67% delas, o artesanato é a maior fonte de renda e para 85%, a atividade têm renda inferior a dois salários mínimos.

A artesã Luiza Rodrigues de Souza é uma cearense que chegou em Brasília em 1983. Ela é conhecedora de quase 30 pontos de bordado. Aprendeu as primeiras técnicas aos 13 anos. Em 2005, foi convidada para ser instrutora de um projeto da grife Apoena. Suas peças chegaram ao Fashion Rio e ao São Paulo Fashion Week. Já capacitou mais de 300 mulheres, das quais muitas, assim como ela, encontraram no bordado o sustento. Para ela, o artesanato foi uma das formas que encontrou para ter a tão sonhada autonomia. “É bom termos reconhecimento. Quando somos rec onhecidas e temos espaço para trabalhar fica mais fácil levar isso adiante. A gente precisa de eventos como esses que possam nos ajudar a escoar nossos produtos e fazer essas divulgações, que a gente não tem como fazer”, diz.

“É importante destacar que boa parte dessas mulheres, em algum momento da vida, se viram desamparadas e sem oportunidades de emprego e perceberam no artesanato a melhor alternativa de buscar com suas próprias mãos, com sua criatividade e perseverança, o sustento de seus lares”, completou a secretária Olgamir.

Em atenção a essa realidade, a SEM-DF tem se destacado, no âmbito do Plano Rede Mulher, ao trabalhar com princípios e valores da economia feminista e solidária. Compreendendo os problemas oriundos da divisão sexual do trabalho, este conceito considera o trabalho de forma mais ampla, incluindo o mercado informal e o trabalho doméstico, ressaltando a necessidade de enfrentar a desigualdade de gênero.