Ainda é possível reparar uma injustiça
Os funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), reunidos em várias edições da Reunião do Conselho de Representantes da AFBNB, ratificaram o apoio à luta da entidade pela reintegração de trabalhadores demitidos durante o governo Fernando Henrique Cardoso, na gestão Byron Queiroz no BNB.
Por Dorisval de Lima*
Publicado 11/03/2013 12:19
Neste sentido, expressam o apoio aos Projetos de Leis de número 343/2007 e 68/2007, de autoria do deputado federal Chico Lopes e do senador Inácio Arruda, ambos do PCdoB do Ceará, que tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado, com o objetivo de reintegrar trabalhadores demitidos do BNB no período de março1995 a fevereiro de 2002.
No período em referência, vigorou no BNB um regime de exceção, comandado pelo presidente da instituição, Byron Queiroz, o qual foi nomeado por indicação, e sustentado no cargo, pelo então governador do Ceará, Tasso Jereissati. Foi uma gestão onde imperou o autoritarismo, o assédio moral, a perseguição política, o ataque aos Direitos Humanos, a coação moral e psicológica, a intolerância… Alguns colegas, infelizmente, não se encontram mais entre nós para contar a história, tendo apenas os amigos e familiares por testemunhas.
Tal modelo levou vários trabalhadores a abreviarem suas carreiras na instituição, um lamentável descompasso com a realidade histórica do BNB, que sempre foi um ambiente harmonioso, saudável e de longeva atividade laboral, ou seja, ninguém abdicava do direito de fazer parte dos seus quadros indevidamente ou por qualquer motivo banal. Embora tenha havido muita movimentação por parte da AFBNB, que desde a primeira hora se dedicou a essa luta, e dela não abre mão, e o empenho de alguns abnegados parlamentares durante todo esse período, ainda não foi possível a obtenção de êxito com a aprovação final e a sanção da Presidência da República.
Atualmente, os Projetos de Lei tramitam na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal, com o parecer favorável do relator, aguardando a votação; no Senado, também com o parecer favorável do relator, já houve votação favorável na Comissão de Constituição e Justiça, sendo aguardada a apreciação em plenário. Não é exagero enfatizar que as administrações do Banco que vieram após o temeroso período fizeram pouco caso dessa realidade.
Em que pese contarem com segmentos e atores que à época se colocavam na linha de frente do enfrentamento ao modelo e serem doutores no conhecimento das circunstâncias em que tais atos se deram, repetiram o gesto de Pilatos e jogaram esses trabalhadores à própria sorte, deixando-os na dependência e ao ritmo do processo legislativo. Após quase dez anos da derrocada dos seus algozes, do advento do governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores, de mandatos parlamentares ocupados por agentes que se insurgiram contra esses acontecimentos à época, bem como das sucessivas gestões no BNB cujos compromissos pré-anunciados contemplavam a alteração das relações de trabalho no Banco, em comparação ao status quo de quando se deram as referidas demissões, esses trabalhadores ainda aguardam esperançosos pelo restabelecimento dos seus empregos.
Assim, rogam por apoio e pela conclusão favorável do processo, na perspectiva da reparação de tamanha injustiça para que seja passada a limpo, de uma vez por todas, essa página. É o que todos ainda esperam que aconteça para o bem da democracia no BNB e nesta parte importante do nosso querido Brasil. Eis aqui uma ótima oportunidade para a atual gestão do BNB dar sinais de novos tempos como tem anunciado, fazer a diferença e recuperar o tempo perdido, ou seja, a redenção institucional neste mister.
*Diretor de comunicação e cultura da Associação dos Funcionários do BNB (AFBNB)