Síria: Membros de missão de paz são capturados por rebeldes
Grupos armados da oposição síria capturaram 21 observadores da missão de paz da ONU na zona cada vez mais volátil que separa tropas israelenses e sírias, nas Colinas de Golã. O Conselho de Segurança da ONU e o governo das Filipinas, de onde são os observadores, exigiram a sua liberação imediata e incondicional nesta quinta-feira (7).
Publicado 07/03/2013 12:38
“O governo filipino está pedindo a libertação imediata dos 21 observadores filipinos, que são parte da Força de Observação da ONU de cessar-fogo nas Colinas do Golã,” afirmou o Ministério de Relações Exteriores em declaração.
As negociações estavam sendo realizadas pela libertação dos membros da missão de manutenção da paz desarmados, que foram detidos na quarta-feira (6), disse Raul Hernandez, o porta-voz do departamento de assuntos estrangeiros das Filipinas.
“A apreensão e a detenção illegal dos membros da missão de paz Filipinos é uma grave violação do direito internacional,” lia-se na declaração. Os reféns são parte de uma unidade de manutenção da paz filipina de 300 membros.
A Força de Observação da ONU para o cessar-fogo foi estabelecida em 1974, após a guerra de 1973 entre Síria e Israel, para monitorar o desengajar das forças israelenses e sírias e para a manutenção do cessar-fogo, embora Israel siga ocupando o Golã sírio.
Vitaly Churkin, o embaixador da Rússia para a ONU e o atual presidente do Conselho de Segurança disse que as negociações continuam se desenrolando pela libertação dos filipinos.
Churkin disse que a captura de membros da missão de paz é “particularmente inaceitável e bizarra” porque eles estão desarmados e a sua missão não tem qualquer coisa a ver com o conflito interno da Síria. “Estão em uma missão completamente diferente, então não há razão, sob qualquer circunstância, para que qualquer imaginação doentia tente fazer mal a essas pessoas,” disse o diplomata russo.
Os rebeldes teriam acusado os membros da missão de paz de apoiar o governo sírio a reenviar tropas para perto do Golã, que é território soberano sírio, ainda que sob ocupação israelense e desestabilizado por grupos armados apoiadas por atores externos, como o próprio Israel, de acordo o governo sírio. Os rebeldes tinham se envolvido em combates com as tropas sírias, que deixaram um total de 30 combatentes mortos.
Um homem identificado como Abu Qaed al-Faleh, porta-voz das Brigadas Mártires de Yarmouk, anunciou que o grupo manterá os reféns detidos até que o presidente da Síria Bashar Al-Assad retire as forças do governo de Jamlah, uma vila perto da fronteira com Israel.
Churkin pediu aos países que tenham influência sobre os grupos armados da Síria para usá-la na tentativa de libertar os filipinos da missão de paz. Ele não mencionou nomes, mas o Catar, a Arábia Saudita e a Turquia, por exemplo, já são conhecidos por prover apoio militar e financiamento para grupos rebeldes na Síria.
Israel ocupou o Golã sírio em 1967, durante uma guerra em que também os territórios palestinos foram ocupados e partes do Líbano foram invadidas. Até o fim de fevereiro, havia cerca de 1.000 soldados da Áustria, Croácia, Índia e Filipinas operando pela missão de paz e de observação do cessar-fogo, mas a Croácia já anunciou a retirada dos seus 100 soldados devido a questões de segurança. Há informes de que a Arábia Saudita comprou armas da Croácia e forneceu-as aos grupos rebeldes da região.
Nos últimos meses também o Canadá e o Japão retiraram seus pequenos contingentes por razões de segurança. Grupos rebeldes dizem ter tomado a região, enquanto a ONU e Israel afirmam que houve bombardeios a partir dali em direção ao território israelense, em outra clara tentativa de desestabilização e de manutenção da retórica contra o governo sírio.
Com Al-Jazeera,
Da Redação do Vermelho