Argentina: testemunhas dos voos da morte depõem em julgamento
Na Argentina, continua nesta quarta-feira (6) o julgamento oral pelos crimes de lesa humanidade cometidos durante a ditadura militar entre eles os chamados "voos da morte".
Publicado 06/03/2013 13:34
Cerca de 900 testemunhas deverão prestar depoimento sobre os crimes ocorridos no ano de 1976 na Escola de Mecânica da Armada (Esma). O processo denominado "megacausa Esma" investiga 789 delitos cometidos neste centro clandestino de detenção.
Entre os acusados estão, pela primeira vez, oito aviadores navais e a prefeitura, que são acusados pela participação nos chamados "voos da morte", prática que consistia em jogar prisioneiros vivos no mar ou no Río de la Plata para convertê-los em desaparecidos
Os acusados de participarem desta são Julio Poch, Emir Sisul Hess, Enrique de Saint George, Miguel García, Domingo D'Agostino, Ricardo Ormello, Miguel Clement e Mario Arrú. Poch, que se vangloriava para seus amigos de sua participação nestes atos, está envolvido no desaparecimento das freiras francesas Leonnie Duquet e Alice Domon.
Também pela primeira vez e no marco da própria megacausa Esma, comparecem diante os tribunais o ex-secretário da Fazenda da ditadura Juan Alemann e o advogado Gonzalo Torres de Tolosa.
Igualmente deverão responder por diversos crimes ainda não julgados Alfredo Astiz, Eduardo "El Tigre" Acosta e outros 16 integrantes do Grupo de Tarefas 3.3.2, que já foram condenados em processos anteriores.
O Esma foi o maior centro de detenção clandestina durante a ditadura cívico-militar argentina e segundo organizações de direitos humanos entre 1976 e 1979 cerca de 5 mil detentos, entre eles mulheres grávidas que tinham seus filhos roubados ao nascer.
Voos da morte
Em 1998, o grupo de rock argentino Bersuit Vergarabat compôs a música Vuelos, em homenagem ao jornalista Horacio Verbistky, autor do livro El Vuelo, que traz uma investigação sobre os voos da morte.
Fonte: Prensa Latina