Marcha das Centrais: por um país desenvolvido e soberano

Neste mês de março a classe trabalhadora estará mais uma vez unificada e mobilizada para defender um Brasil melhor, com desenvolvimento, cidadania e valorização do trabalho. Na próxima quarta-feira (6), com o objetivo de pressionar o Congresso Nacional e o governo em defesa dos empregos, salários, indústria e inclusão, as centrais sindicais (CTB, CUT, Força Sindical, UGT, CGTB e Nova Central), ocuparão Brasília com uma grande marcha pelo Brasil.

Joanne Mota, da Rádio Vermelho em São Paulo

Dentre as pautas que serão reivindicadas pelas centrais na próxima quarta, está a luta pelo fim do Fator Previdenciário, a Reforma Tributária e a política macroeconômica implementada no Brasil.

Para falar sobre o assunto, a Rádio Vermelho convidou Augusto Vasconcelos, vice-presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia.

Durante a entrevista, o dirigente explicou quais os impactos para o país se os trabalhadores  conseguirem conquistar as bandeiras apresentadas na marcha, especialmente, os impactos, se aprovados, de uma Reforma Tributária justa, do fim do Fator Previdenciário e da implementação de uma política econômica voltada para o desenvolvimento.

Fator previdenciário

Sobre o Fator Previdenciário, Augusto externou que essa é uma das heranças do governo Fernando Henrique Cardoso.  


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Segundo ele, "o Fator Previdenciário penaliza, sobretudo, os trabalhadores mais pobres. Porque em geral esses trabalhadores são aqueles que começam a trabalhar mais cedo, e ao começar a trabalhar mais cedo eles atingem o tempo de contribuição com uma idade menor – 30 anos para mulher e 35 anos para homem ou, para o setor rural, 25 anos para mulher e 30 anos para homem –, mas por que isso é ruim? Porque quando esses trabalhadores vão se aposentar a expectativa de sobrevida consta no denominador da equação. Ou seja, com essa fórmula, o fator tira da conta do trabalhador, que vai se aposentar, cerca de 40% do valor real das aposentadorias".

Augusto frisa que a luta pelo fim do Fator Previdenciário, além de garantir o direito do trabalhador, possui um elemento de justiça social. "Primeiro, porque entendemos que o problema das contas previdenciárias não é dos segurados, pois os segurados brasileiros já contribuem com um terço, ou mais, das contas previdenciárias em nosso país. E segundo, porque no Brasil existe um falso discurso de que o que a União paga à Previdência é considerado como déficit, isso é uma falácia. Na verdade o suposto déficit da Previdência nada mais é do que parte dos investimentos públicos para assegurar um mecanismo de proteção social", explicou o dirigente.

Dessa forma, ele destaca que "o movimento sindical não acha justo que essa conta sobre para o trabalhador, que é a única vítima desse discurso promovido pelos setores mais conservadores. Derrubar o Fator Previdenciário é um elemento essencial. E a nossa marcha é justamente para derrubar o veto presidencial ainda do governo Lula, o que para nós foi um veto equivocado”, ponderou o sindicalista.

Reforma Tributária

No que se refere à Reforma Tributária, Augusto Vasconcelos, que também é membro da Coordenação do Ramo Financeiro da CTB, destacou que há hoje no Brasil diversos discursos sobre essa Reforma. Segundo ele, “no próximo dia 6 de março os trabalhadores irão defender a Reforma que desonere a produção, que desonere os salários. Porque o modelo que está aí é extremamente injusto”.

Para o bancário, considerar salário como renda, e ter uma tributação tão alta, acaba prejudicando o consumo, os investimentos e o desenvolvimento do país.

“A CTB defende uma reforma que tribute, proporcionalmente, pela capacidade contributiva. Por exemplo, não dá para aceitar uma carga tributária que penaliza, principalmente, os assalariados. De modo que lutamos por uma Reforma Tributária ampla, que desonere a produção e o salário e tribute renda. Uma Reforma que tribute o rentismo, especialmente, a tributação do imposto sobre grandes fortunas”, externou Augusto.

Política Macroeconômica

Ainda durante a entrevista, o sindicalista falou sobre o debate em torno de uma nova política econômica. Segundo ele, os trabalhadores devem lutar e disputar os rumos do governo, e um dos elementos importantes para entrar nessa disputa é o debate sobre a política macroeconômica.

Ele reconheceu os esforços da presidenta Dilma ao implementar medidas importantes e destacou a histórica taxa de juros. Porém, para o dirigente, essas medidas ainda são muito tímidas frente aos desafios que o Brasil precisa enfrentar.

“Vivemos um cenário de grande retração econômica e os trabalhadores querem ajudar o governo a reverter esse cenário. Ou seja, precisamos reverter o processo de desindustrialização em curso, precisamos investir em nosso parque tecnológico para começar a produzir produtos com maior valor agregado, além de ampliar os investimentos e investir em infraestrutura”, explicou o dirigente.

No entanto, ele lembrou que “para ampliar os investimentos é preciso que o Estado colabore, que a iniciativa privada amplie seus investimentos na produção. Mas, isso só será possível se houver redução do superávit primário, esse é o nosso grande gargalo, é o principal ralo dos recursos”.

Augusto explicou que atacar a questão do superávit primário é mais do que uma questão econômica, porque sem investimento não há desenvolvimento, e sem desenvolvimento não há valorização do trabalho e melhoria das condições de vida da população.

“O superávit primário gera uma asfixia nas contas públicas, impedindo que o Estado brasileiro invista em uma nova arrancada para o país. Além disso, para vivermos uma nova arrancada é preciso que o Estado regule o sistema financeiro, para que esse sistema invista em produção. Ao mesmo tempo, também reivindicamos um sistema financeiro que não corroa o orçamento da União, porque entendemos que o orçamento da União é o suor, o sangue e as lágrimas de cada trabalhador brasileiro", finalizou Augusto Vasconcelos.

Acompanhe a íntegra da entrevista na Rádio Vermelho: