Publicado 04/03/2013 10:20 | Editado 04/03/2020 16:47
Anunciado com grande euforia em 2009, o início da construção atraiu pessoas de diversas partes do país. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que 8,7% da população domiciliada em Bacabeira em 2010 não residiam naquele município cinco anos antes. Mas em julho do ano passado, ao divulgar o Plano de Negócios para o período entre os anos 2012 e 2016, a empresa Petrobras informou que o projeto da Refinaria Premium I seria readequado, e o prazo para a conclusão da obra adiado para meados de 2018, com possibilidade de ser antecipado para o segundo semestre de 2017. As obras sob execução do consórcio formado pelas empresas Galvão, Serveng e Fidens (GSF), com contrato de serviço equivalente a R$ 650 milhões, pararam na fase de terraplanagem e drenagem.
Na portaria do canteiro de obras, no Km 1,7 da rodovia BR-402, o funcionário da empresa que presta serviço de vigilância para o consórcio informou à reportagem que o trabalho de construção da refinaria foi interrompido em dezembro do ano passado, e o escritório da administração que funcionava no local foi transferido para as instalações da empresa Serveng, na região do bairro Bacanga, capital do estado. Pedindo para não ter o nome identificado na matéria, o empregado disse ainda que, além do pessoal administrativo, os operários da obra estariam sendo gradativamente retirados do canteiro.
Próximo da Vila Residencial Premium I, onde se alojavam os trabalhadores envolvidos na construção, um grupo de funcionários do serviço de carpintaria confirmou o afastamento. Eles disseram terem sido avisados por um encarregado do consórcio, na noite anterior, de que deveriam deixar o local de trabalho e acertar as contas no escritório da empresa em São Luís. Comentando que a cada dia outros grupos viriam sendo afastados do serviço, os operários interpelados pela reportagem informaram que o movimento de trabalhadores que ainda se observava no canteiro seria apenas para que os mesmos cumprissem horário, antes de também serem mandados embora. No início desta semana, a reportagem foi informada por telefone que a própria estrutura física dos alojamentos e escritórios estaria sendo desmontada do canteiro de obras da Refinaria Premium I.
O declínio da população de Bacabeira também pode ser percebido em outros aspectos da dinâmica da cidade, como relatou o secretário legislativo da Câmara de Vereadores, Leandro Batista. Segundo ele, o número de inscrições do concurso público para cargos na administração municipal, que atualmente se encontra em andamento, teve um aumento considerável em relação ao certame anterior, refletindo a expectativa positiva de pessoas oriundas de outras cidades.
Além disso, o secretário legislativo observou que o comércio local teve um elevado crescimento recente, com destaque para o setor de material de construção e os investimentos imobiliários que resultaram na valorização de terrenos e propriedades para aluguel e venda. Entretanto, Leandro Batista informou que, enquanto o atendimento hospitalar nas unidades de saúde de Bacabeira, assim como a demanda por outros serviços, antes sobrecarregados, teriam voltado à normalidade com o esvaziamento da cidade, aumentou o número de atendimentos a desempregados no Sistema Nacional de Empregos (Sine) local, em busca de pleitearem o recebimento do seguro-desemprego.
Na avaliação do presidente da Câmara Municipal, vereador Antônio Romualdo, o desemprego na cidade é elevado, sendo o poder público municipal a principal fonte de trabalho, além das pedreiras instaladas na região. Com a parada na implantação da refinaria, cuja capacidade de geração de empregos diretos e indiretos seria de 120 mil pessoas, ele considerou que a população ficava em situação precária. Dados do Censo 2010 indicam que 77,7% dos residentes no município se encontravam no meio rural, enquanto 27,7% não seriam alfabetizados.
Discordando da tendência apontada pelos representantes do parlamento bacabeirense, o prefeito da cidade, Alan Linhares, disse à reportagem por telefone que técnicos da prefeitura visitaram a obra da refinaria e constataram que não existe confirmação de que o trabalho será paralisado. Segundo o gestor, geralmente ocorre apenas suspensão do trabalho na fase de terraplenagem, em vista do período chuvoso, quando funcionam as operações para a manutenção do canteiro contra erosão. O prefeito de Bacabeira afirmou ter firmado convênio com a Petrobras para a construção de centros de capacitação profissional, oferecendo cursos voltados à inserção dos jovens munícipes no mercado de trabalho local. Para Alan Linhares, os residentes no município mantêm a esperança de que o empreendimento será continuado, apesar de não se saber quanto tempo deve durar a suspensão.
Serveng
Em diversas ocasiões, a reportagem procurou manter contato com a empreiteira Serveng, a fim de esclarecer as informações recebidas por ocasião do deslocamento da equipe ao local do empreendimento. Por telefone, um funcionário da empresa disse que o almoxarifado teria sido o único setor transferido do canteiro de obras da Refinaria Premium I para as instalações da Serveng na capital, e que quaisquer informações seriam obtidas diretamente com o pessoal administrativo que teria permanecido em Bacabeira. No entanto, o telefone fornecido pelo funcionário não atendeu às repetidas chamadas interurbanas. Também foram frustradas as tentativas de ligar diretamente para a assessoria de comunicação da matriz da empresa, sediada na cidade de São Paulo.
Fonte: Jornal O Imparcial.