EUA e "amigos" mantêm retórica intervencionista para a Síria
O governo dos Estados Unidos anunciou que vai aumentar seu apoio à oposição armada na Síria, em reunião realizada nesta quinta-feira (28) na capital italiana, Roma. O grupo de 11 países autodenominado “Amigos da Síria” manteve, na reunião, o discurso intervencionista contra o governo do presidente Bashar al-Assad, que não foi envolvido no encontro.
Publicado 01/03/2013 12:16
O novo secretário de Estado dos EUA John Kerry reuniu-se por cerca de uma hora com Ahmad Moaz Al-Khatib, um membro dos grupos armados que compõem a “oposição” ao governo e o conflito armado que já dura dois anos. A reunião com o restante dos países aconteceu depois, sem qualquer representante do governo sírio, que já reiterou inúmeras vezes a sua abertura ao diálogo com a oposição, mesmo que esta seja financiada e armada pelo Ocidente.
Declarações oficiais deveriam ter sido realizadas no final das conversações, mas Kerry já havia dito que a “oposição precisa de mais ajuda” na luta contra o presidente da Síria, Bashar al-Assad, e que Washington quer acelerar a transição política do país assolado pela violência.
Esta postura de ingerência imperialista do grupo de países liderado pelos EUA tem sido condenada tanto por representantes do governo sírio quanto por países amigos, como o Brasil, a Rússia, a China e o Irã, que continuam apelando por uma solução interna ao conflito através do diálogo.
As conversações em Roma aconteceram dois dias depois de outra reunião, da “Coalizão Nacional Síria”, realizada sábado (23) em Istambul, capital da Turquia, onde o grupo elegeria um “primeiro-ministro para governar partes da Síria”, supostamente tomada por militantes, o que seria uma violação da soberania e da integridade territorial do país apoiada pelo Ocidente.
Kerry havia dito também que estão “examinando e desenvolvendo formas de acelerar a transição política que o povo da Síria procura e merece, e isso é o que estaremos discutindo em Roma.” Mais uma interferência dos EUA mobiliza grupos armados através do financiamento ilícito e do fornecimento de armas contra um governo que já iniciou reformas políticas e que continua mantendo postura de diálogo.
Uma declaração do Ministério da Informação sírio menciona ações de destruição de hospitais, escolas e postos de saúde ou de energia realizadas pelos grupos armados de oposição, que deixaram a população sem acesso aos bens mais básicos de que necessitam, desde remédios até fontes de energia.
Reuniões e declarações do grupo que se intitula “amigo da Síria” não são reconhecidas nem têm a adesão de vários países, que se somam ao apelo do governo de Assad pelo diálogo político interno com vistas às reformas democráticas que as instâncias oficiais já iniciaram.
Ainda assim, os EUA lideram o grupo que mantém a retórica militarista e a constante ameaça de uma intervenção estrangeira na Síria, em violação da sua soberania. As resoluções que tinham este objetivo foram barradas no Conselho de Segurança da ONU pela China e pela Rússia.
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Com Al-Manar
Da Redação do Vermelho