Luta: substantivo feminino

 

 
No último dia 23 de fevereiro, véspera do aniversário de 80 anos de conquista do voto feminino no Brasil, o PCdoB em Santa Catarina viveu uma nova experiência, um encontro diferente especialmente para as mulheres comunistas. O 1º Encontro de Mulheres do PCdoB Candidatas em 2012, organizado pela Comissão Auxiliar da Secretaria Estadual da Mulher, contou com a participação de 46 pessoas, de todas as regiões do estado, num total de 11 municípios e recebeu Liége Rocha que é a Secretária Nacional da Mulher do PCdoB integrante do Comitê Central.

O dia de palestras e debates trouxe momentos emocionantes com o relato do que viveram as mulheres candidatas na última eleição, ficando a marca das duplas e triplas jornadas de trabalho que afeta grandemente as candidaturas femininas de um modo geral. Já na mesa de abertura Angela Albino, presidenta estadual do PCdoB e candidata a prefeita em Florianópolis, Sara Ternes candidata, candidata a vice prefeita em Itajaí e Edna Benedet vereadora eleita em Içara pontuaram questões especificas, algumas inusitadas, que diferencia e dificultam o êxito eleitoral das mulheres como por exemplo o fato de não contarem com a parceria da manutenção da estrutura doméstica para que nós mulheres possamos nos dedicar integralmente a campanha o que comumente ocorre com os homens que têm a certeza que a companheira vai se responsabilizar pelas crianças todo o restante da vida cotidiana familiar.

Contamos com as palestrantes Clair Castilhos e Olivia Rangel para o debate “A evolução da condição das mulheres na sociedade” que apresentaram um recorte histórico da luta das mulheres ao longo dos séculos, elucidaram que numa sociedade capitalista patriarcal a luta superação de toda forma de opressão precisa de analise continua no que atenta a discriminação sobre as mulheres. Clair Castilhos considera o que vem se consolidando como recorrente em pesquisas e avaliações filosóficas: as mulheres se constituem num dos raros movimentos que conseguiram fazer uma revolução em sua condição, transformar praticas e comportamentos anteriormente tido como convencionais e hoje totalmente vencidos como o direito de estudar, trabalhar e ter uma vida pública. Apesar de todas as conquistas ainda muitos desafios precisam ser superados, porém Luta é substantivo feminino conclui Olivia Rangel e nós persistimos.

A atenção para as questões de gênero há décadas estão presentes nos debates do PCdoB e isso Liége Rocha apresentou em sua sistematização sobre o PCdoB em busca da emancipação feminina como parte primordial para a emancipação humana. Para ela as mulheres carregam a marca histórica da resistência e subversão criativa, avançamos em conquistas, mas ainda temos muito a fazer. Parte disso depende de nossa participação política. Atividades como esta, neste Encontro, segundo Liége, contribuem para estimular a o debate aprofundado internamente no PCdoB, para que mais mulheres sejam dirigentes partidárias e na efetiva construção da historia das mulheres comunistas.

A Participação política das mulheres e o processo político eleitoral foi a abordagem feita por Simone Lolatto e Raquel Guisoni na última mesa deste dia que passou tão rápido entre os debates. Apesar de termos tido mais de 30% de mulheres candidatas as dificuldades relatadas pelas presentes, enfrentadas nas batalhas eleitorais, são parte da justificativa de terem feito apenas 13% dos votos entre as candidaturas do PCdoB as câmaras municipais. Dentre 985 vereadores/as do PCdoB eleitos/as apenas 133 são mulheres. O que de fato demonstra, criticamente, que aumentamos significativamente na quantia de parlamentares mulheres, mas ainda temos um longo caminho a percorrer. É fato que conquistamos muito, mas não estamos satisfeitas, queremos mais e buscamos isso todos os dias em nossas casas, famílias, na sociedade e no Partido.

Dentre as ações levantadas e que serão encaminhadas já no primeiro semestre de 2013 estão: – campanha de filiação de mulheres ao PCdoB , – atividades como Encontros Regionais de Mulheres do PCdoB, – garantia da participação das mulheres comunistas nas atividades de formação do Partido, e – incentivo e preparação para que mais mulheres façam parte das direções partidárias a partir do segundo semestre quando nosso Partido passara pelos processos de Conferências e mudança de direção nos níveis municipal, estadual e nacional.

Assim, seguimos o trabalho coletivo, acreditando no PCdoB e na luta pela emancipação da mulher como parte integrante da emancipação humana, reforçamos as deliberações de nossa 2ª Conferência Nacional sobre a Emancipação da Mulher: compreendendo que “um Brasil com equidade entre homens e mulheres é parte do projeto de desenvolvimento com promoção da distribuição de renda, a valorização do trabalho, a ampliação da democracia e a superação das desigualdades e discriminações de todos os tipos. Não haverá avanço civilizacional no país enquanto não houver ruptura nos padrões vigentes na vida das brasileiras” (p. 48). E que venha o socialismo!

*Simone Lolatto – Secretária Estadual de Mulheres do PCdoB/SC