Correa: Decisão da ONU sobre Chevron pode remeter ao colonialismo
O presidente equatoriano, Rafael Correa, criticou a manobra da empresa petrolífera multinacional Chevron para que o Estado não a sancione pelos danos irreparáveis causados no meio-ambiente e o pagamento de uma multa de US$ 19 bilhões. A empresa recorreu ao tribunal arbitral das Nações Unidas (ONU).
Publicado 27/02/2013 17:11
“Isso é escandaloso, isso deveria tirar o sono de todos os equatorianos, esse é o grande desafio que a América Latina tem. No interior dos nossos países as coisas estão mudando. Os seres humanos estão mandando no capital, mas no nível planetário, o capital ainda predomina, sobretudo o capital destas transnacionais”, ressaltou Correa durante uma conversa com jornalistas.
O mandatário disse que a Chevron foi às Nações Unidas invocando um tratado de proteção recíproca de investimentos, mas com o detalhe que a Chevron (que comprou a Texaco e a Texaco é acusada pela população amazônica), saiu do país em 1992 e o tratado de Proteção entrou em vigor no ano de 1997. “Este é um caso inédito, absurdo, aberrante que é inaceitável”, afirmou.
Ressaltou ainda que o tribunal arbitral se qualifica como competente e ordena que a sentença seja suspensa, como se o presidente pudesse dizer à Justiça: suspenda as sentenças. “Aqui há um estado de direito com divisão de funções”, argumentou.
União latino-americana
Em declarações dadas nesta quarta-feira (27), Correa sustentou que o Equador "nunca se colocará de joelhos, muito menos diante de uma multinacional prepotente”.
Por isso, advertiu que recorrerá à união da América Latina para defender o Equador, e disse que espera especificar reuniões com a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) e à União das Nações da América do Sul (Unasul) para tratar do tema.
Explicou que essa multinacional tem participações e investimentos em vários países da América do Sul, que também têm sido afetados.
Por isso, uma América Latina unida “será vital para lutar contra o capital financeiro e o neocolonialismo”, sublinhou o presidente.