UBM: "Mais Poder Político para as Mulheres" neste 8 de Março

O 8 de Março se aproxima e desde já o movimento de mulheres se organiza para chamar a atenção para as bandeiras de luta por um mundo mais igualitário. O tema central das manifestações deste ano é "Mais Poder Político para as Mulheres". Abaixo, a íntegra do manifesto, que já está circulando, da União Brasileira de Mulheres (UBM).

O Brasil do início do século 21 mostra avanços na vida das brasileiras, em especial das
negras, pobres e chefes de família. No entanto, as exigências para nosso país, de importância
político-estratégica mundial, se tornam ainda maiores, quando mais da metade da sua
população ainda é a parcela a ser mais beneficiada por políticas públicas efetivas que tanto
atendam às especificidades femininas, como se articulem com o conjunto de reformas
estruturais necessárias a um novo projeto nacional de desenvolvimento.

As mulheres brasileiras, hoje, se voltam para um debate sobre a necessidade de implementar
políticas de Estado capazes de contribuir para o enfrentamento de todas as formas de
violência; para a promoção da igualdade salarial entre homens e mulheres; para a garantia
dos direitos sexuais e direitos reprodutivos; para o combate a todas as formas de racismo,
homofobia e intolerância religiosa; para a prevenção, denúncia e punição de crimes de
tráfico de mulheres e escravidão sexual; para a promoção da imagem da mulher real pelos
mais diferentes meios de comunicação de massa.

Para que tais bandeiras estejam asseguradas, não há outro caminho: as mulheres precisam
estar no centro da ação política, não para substituir os homens, mas para assumir, também, a
esfera pública como espaço de atuação, elaboração e visibilidade políticas. Aprofundar o
poder político das mulheres nas mais diversas esferas de decisão é assegurar nossa
participação no espaço público, em condições de intervir nas grandes questões sociais,
políticas, ambientais, econômicas e culturais, atingindo, diretamente, a vida das mulheres e
do povo.

Neste 8 de março, reafirmamos nosso compromisso com as gerações de mulheres brasileiras
em sua diversidade de raça, cor, orientação sexual, condição física e escolha religiosa. Donas
de nossas vidas, de nosso corpo, de nossas escolhas, estamos mais vivas, vigilantes e combativas do que nunca. Organizadas e atuando politicamente, ao lado das forças populares, avançadas e democráticas, devemos garantir:

1- A reforma política, com financiamento público de campanha, garantia de coligações proporcionais e lista fechada com alternância de gênero. Cumprimento da lei que garante a
cota de 30% para candidaturas femininas, a aplicação de 5% do fundo partidário para formação política das mulheres como forma de favorecer o ingresso e melhores condições de disputa para as candidaturas femininas e 10% do tempo de TV para as mulheres.

2- A democratização da mídia, como forma de enfrentar a criminalização dos movimentos sociais e das forças progressistas de nosso país, além de contribuir para a veiculação da imagem da mulher real: inteligente, trabalhadora e capaz de estar na política, e não como um corpo de consumo a ser explorado.

3- a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas. A aprovação do PL 4857/2011
que garante igualdade salarial e de condições de trabalho entre homens e mulheres, como
forma de incentivo à vida profissional e acadêmica das mulheres. A redução dos juros e o
desenvolvimento de uma política econômica que permita o desenvolvimento das forças
produtivas com a geração de trabalho que beneficie as mulheres e toda a sociedade.

4- o fortalecimento do SUS com garantia de ampliação da rede de atendimento e respeito ao corpo e à diversidade das mulheres, nas muitas fases de suas vidas.

5- garantia de redes de equipamentos sociais (creches, lavanderias e restaurantes públicos, centros de convivência) que possam contribuir para a liberação das mulheres ao espaço público, ao mundo das artes, da educação, da cultura, e da ciência, minimizando a
dupla jornada de trabalho.

6- A legalização do aborto como forma de fazer cumprir a agenda dos direitos sexuais e
direitos reprodutivos das mulheres como um direito humano, enfrentando o aborto clandestino como um grave problema de saúde pública que mata milhares de mulheres todos os anos.

7- A defesa intransigente da aplicação da Lei Maria da Penha nos atos de violência contra a mulher, com a instalação de delegacias especializadas, juizados especiais, centros de referência e casas-abrigo, lutando pelo fim de todo tipo de violência contra mulheres e meninas.

8- A criação de secretarias de políticas para as mulheres nos estados e municípios
brasileiros como forma de incentivar e garantir a elaboração, execução e monitoramento dos
Planos de Políticas para as Mulheres, assim como a constituição dos conselhos, que
possibilitam a efetivação do controle social.

9- A proteção de nossas meninas e mulheres da exploração sexual comercial e do tráfico
de mulheres, que faz vítimas cada vez mais jovens em nosso país.

10- O fim de todo tipo de desigualdades e discriminações em relação ás mulheres negras,
indígenas, jovens, idosas, lésbicas, trabalhadoras rurais, trabalhadoras domésticas, com
deficiência e soropositivas.

É hora de avançar. Lutar decisivamente para mobilizar e fortalecer a participação política das
mulheres para consolidar cada vez mais sua emancipação e de toda humanidade, na
perspectiva da conquista de uma sociedade justa e igualitária.

Reafirmamos nossa luta em defesa de todas as nossas vitórias e por tudo que ainda temos
que conquistar!!!

Viva as mulheres! Viva o 8 de Março! Viva o povo brasileiro!

União Brasileira de Mulheres (UBM)