Presidente da Tunísia nomeia novo primeiro ministro
Moncef Marzouki, presidente da Tunísia, pediu a Ali Laarayedh, ministro do Interior, para formar um governo nos próximos 15 dias, depois de o partido islamita Ennahda nomeou-o como seu candidato, de acordo com o porta-voz presidencial, nesta sexta-feira (22).
Publicado 22/02/2013 11:53
O porta-voz de Marzouki disse, em uma conferência de imprensa, que o líder do Ennahdha, Rached Ghannouchi, tinha nomeado formalmente Laarayedh como sucessor do primeiro ministro Hamadi Jebali, que renunciou na terça-feira (19).
Laarayedh, ministro do Interior da Tunísia, foi um membro fundador do Ennahdha, e serviu como secretário geral do partido no início da década de 1980 até quando foi preso, em 1992. Ele passou 14 anos em detenção.
Ennahdha é o maior partido na Assembleia Nacional Constituinte, com 89 dos 217 assentos. O partido secular Congresso pela República, de Marzouki, o segundo maior, com 29 assentos, já tinha dito que se juntará a uma nova coalizão liderada pelo Ennahdha. Assim, este partido deve ter poucos problemas para conseguir os 109 votos necessários para obter a maioria.
Mas a escolha do Ennahdha provavelmente arrepiará os tunisianos liberais, alguns dos quais acusam o Ministério do Interior de “falhar na diminuição da violência de islamitas políticos contra defensores do secularismo,” que incluem jornalistas e artistas.
“Ele é o candidato oficial do Ennahdha a primeiro ministro,” disse Mouadh Ghannouchi, filho do líder do partido, Rached Ghannouchi, nesta sexta-feira.
Demissão de Jabali
Laarayedh tornou-se o ministro do Interior quando o governo de Jabali foi formado, em dezembro de 2011, depois das eleições de outubro do mesmo ano.
O líder do partido e Laarayedh devem encontrar-se com o presidente Moncef Marzouki na tarde desta sexta-feira, no palácio presidencial. Ele é visto como parte da ala mais dura do Ennahdha, que rejeita qualquer papel político para os partidos ligados à era do presidente deposto, Zine al-Abidine Ben Ali.
Jebali, que é secretário geral do Ennahdha, demitiu-se após seu plano para um Gabinete sem conciliação, formado por tecnocratas, para preparar as eleições, colapsou. Isto deveu-se à oposição interna a seu próprio partido e de seu líder, Rached Ghannouchi.
"Jebali recusou-se a aceitar a nomeação [para o próximo primeiro ministro]”, disse o Ennahdha.
A mídia francesa relatou que o concelho Shura do Ennahdha passou horas negociando quem seria seu candidato, até a manhã desta sexta.
O assassinato do líder da oposição, Shokri Belaid, em 6 de fevereiro, mergulhou a Tunísia em sua pior crise política em dois anos, desde que a revolta derrubou Ben Ali do governo. A morte do esquerdista secular causou protestos massivos nas ruas, e expôs as divisões profundas entre os islamitas empoderados no país e seus oponentes seculares e liberais.
O governo diz que foram feitas prisões na investigação do assassinato, mas não deu informações mais específicas.
Fonte: Al Jazeera
Tradução da Redação do Portal Vermelho