Chico Lopes exalta 80 anos do Sindicato dos Bancários do Ceará
Em pronunciamento realizado na última quarta-feira (20), no plenário da Câmara, o deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE) destacou os 80 anos de atuação do Sindicato dos Bancários do Ceará.
Publicado 22/02/2013 08:30
Em seu discurso, o parlamentar falou sobre a trajetória de um dos mais antigos sindicatos do Estado, destacou lutas e enalteceu conquistas.
Leia a seguir a íntegra do pronunciamento:
Senhor presidente,
Senhoras deputadas,
Senhores deputados,
É com muito orgulho que retorno à tribuna desta Casa para prestar homenagem a uma das grandes entidades atuantes na defesa dos trabalhadores e do direito da sociedade a serviços de qualidade. Falo do Sindicato dos Bancários do Ceará, que está comemorando, neste 21 de fevereiro, 80 anos de atividades, com um imenso histórico de luta, vitórias e conquistas, não apenas para o segmento dos bancários, mas para a sociedade como um todo.
Estão de parabéns todos que fizeram e fazem o Sindicato dos Bancários, a quem destaco aqui na pessoa do atual presidente, Carlos Eduardo, assim como todos os trabalhadores, dos bancos públicos e privados, que ajudam a construir um País melhor, com o trabalho do dia a dia, mesmo enfrentando dificuldades como remunerações em grande descompasso com os vultosos lucros dos bancos. Mesmo passando por problemas que vão da falta de condições de trabalho à insegurança no exercício da profissão, do desrespeito a direitos trabalhistas à lamentável ocorrência de muitos casos de assédio moral. Contra tudo isso, os trabalhadores sabem que podem contar com o Sindicato dos Bancários, que se coloca na defesa da categoria e, por conseguinte, dos direitos dos clientes de todos os segmentos, assim como da economia e do desenvolvimento do nosso Estado.
Um dos mais antigos a atuar no Ceará, o Sindicato dos Bancários iniciou suas atividades em 21 de fevereiro de 1933 e, além desse papel de luta em prol dos trabalhadores, esteve presente de modo decisivo e corajoso nos momentos mais desafiadores da nossa história política. Do Estado Novo de Getúlio Vargas ao golpe militar de 1964, que lançou nosso País em um período de 21 anos de supressão das liberdades individuais e coletivas e de implantação do terror como política de Estado, do impeachment do presidente Collor à eleição de Lula como o primeiro operário a presidir a República, o Sindicato, mesmo sofrendo com intervenções e perseguições, sempre levantou sua voz na defesa da sociedade, da democracia, dos interesses populares, de um Ceará melhor, de um Brasil mais justo.
Com toda essa luta, foram várias as vitórias conquistadas pela atuação do Sindicato, com garra e convicção. A jornada de seis horas de trabalho foi garantida após a greve realizada pelos bancários em 1934. Hoje, senhor presidente, senhoras deputadas, senhores deputados, ainda lutamos para estender a todos os trabalhadores o direito a uma jornada de trabalho menor, de 44 para 40 horas semanais, como prevê projeto de autoria de nosso correligionário senador Inácio Arruda, do Ceará, em tramitação no Congresso Nacional, com grande ansiedade por parte da população.
Já a equiparação salarial entre os funcionários do Banco do Brasil e os trabalhadores do Banco do Nordeste, outra grande instituição de fomento ao desenvolvimento do País, só foi conquistada após outra greve, comandada pelo Sindicato dos Bancários em 1962. Dois anos mais tarde, com o golpe militar, a diretoria da entidade foi destituída e a sede do Sindicato foi ocupada pelos militares. Que voltaram a intervir no Sindicato após a promulgação do AI-5, o famigerado ato institucional que tolheu em definitivo as liberdades no nosso País e jogou o Brasil em um poço de escuridão, violência e atentados contra os direitos humanos, hoje apurados pela Comissão da Verdade.
No Ceará, a ditadura vitimou vários bancários, em casos de arbitrariedade, perseguição, violência, desrespeito. Entre vários exemplos dessas tantas injustiças de difícil reparação, peço licença para lembrar o caso do advogado Benedito Bizerril, nosso companheiro de PCdoB, que foi preso dentro de uma agência do Banco do Nordeste, em represália à sua atuação como comunista e liderança sindical. Felizmente, mesmo diante de tantas dificuldades, os bancários cearenses se mantiveram firmes e, em 1979, reconquistaram o Sindicato como espaço de enfrentamento ao regime militar. A grande greve dos bancários de todo o Brasil em 1985 foi outro momento de destaque nesta história, deixando como legado a conquista da data-base da categoria, que se manteve mobilizado ao longo de toda a década.
Após se filiar à Central Única dos Trabalhadores, a CUT, em 1989, o Sindicato dos Bancários, hoje contando também com a presença de sindicalistas da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, a CTB, cumpriu ao longo dos anos 1990 uma década de vários e dolorosos enfrentamentos. Com os governos Collor e FHC, o Brasil assistiu à implantação do modelo neoliberal, com todo um discurso de estado mínimo, venda do patrimônio do povo brasileiro, acusações contra funcionários públicos, muitos dos quais enfrentaram verdadeiras perseguições e demissões, em famigerados “Programas de Desligamento Voluntário”, que de voluntários não tinham absolutamente nada.
Muitos foram os casos de trabalhadores que sucumbiram à doença, ao desalento, à depressão e até mesmo ao suicídio, em alguns casos registrados para a história nas páginas do órgão de comunicação do Sindicato, a Tribuna Bancária. Diante de todo esse cenário, o Sindicato soube se manter unido, forte e atuante, na defesa dos direitos dos trabalhadores e na missão de conscientizar a sociedade como um todo sobre o que realmente acontecia, longe dos holofotes, no Brasil de Collor e FHC.
Com o governo Lula, várias conquistas políticas, econômicas e sociais foram alcançadas, mas os desafios da categoria continuaram, assim como o Sindicato dos Bancários também seguiu presente. As mobilizações e greves resultaram em vitórias como aumentos com ganho real nos salários, aumento do piso e avanços em outros pontos, como o combate ao assédio moral e às metas abusivas impostas pelos banqueiros.
Mas ainda são vários os desafios, como o combate às demissões sem justa causa, às terceirizações, ao enxugamento dos quadros de pessoal, às condições precárias de trabalho, à falta de segurança para bancários e clientes, às diferenças de tratamento entre novos e antigos empregados, entre os trabalhadores atuais e os aposentados. A luta para que todos os bancos tenham um Plano de Cargos, Carreiras e Salários para seus trabalhadores, que merecem uma participação nos imensos lucros obtidos por essas instituições, é outro desafio.
São muitas as bandeiras, mas temos certeza de que, com a participação de todos os verdadeiramente interessados na defesa da categoria, o Sindicato dos Bancários continuará contando com o reconhecimento dos trabalhadores e de toda a sociedade. Tenho muito orgulho de ter dado minha pequena contribuição a essa história, de sempre ter dialogado, em meus mandatos como vereador de Fortaleza, deputado estadual e deputado federal, com o Sindicato e com os bancários, em cuja defesa o meu partido, o PCdoB, sempre atuou de modo firme e decidido, em cada frente de luta, em cada momento, cada reivindicação, cada desafio. Parabéns, Sindicato! Parabéns, bancários! Que esta luta se renove todos os dias, pelo melhor para o Ceará e para o Brasil.