Deputado Chico Lopes destaca atuação de José Júlio da Ponte
Em pronunciamento realizado na tarde desta terça-feira (19), o deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE), lamentou a morte do professor cearense José Júlio da Ponte, que faleceu na última segunda-feira (18), vítima de uma parada cardíaca. Na Câmara, o parlamentar destacou os muitos serviços prestados a novos engenheiros agrônomos no Estado do Ceará.
Publicado 20/02/2013 10:40 | Editado 04/03/2020 16:28
Leia a seguir a íntegra do pronunciamento:
Senhor presidente,
Senhoras deputadas,
Senhores deputados,
É com muita tristeza que venho a esta tribuna solidarizar-me com a universidade brasileira, com o mundo da ciência, com a sociedade cearense e com os familiares de um grande cearense, que perdemos no dia de ontem. Falo do professor José Júlio da Ponte Filho, que se despediu ontem, aos 78 anos, vítima de uma parada cardíaca, após mais de 15 dias de internação, lutando pela vida. A perda do professor José Júlio entristece todos os brasileiros, notadamente os cearenses, acostumados a conviver com seu talento, sua retórica e suas ações em prol de uma sociedade melhor, por meio da ciência e da proteção à natureza.
Membro de uma família de jornalistas, radialistas e outros profissionais reconhecidos pela arte da palavra, José Júlio da Ponte Filho optou pela ciência como caminho para se expressar e construir uma trajetória de importantes contribuições ao Ceará e ao Brasil. Entre os muitos feitos que motivaram o reconhecimento por parte da comunidade científica ao professor, está sua contribuição decisiva para o nascimento daquela que é hoje uma das principais instituições de ensino superior de todo o País: a Universidade Federal do Ceará.
A luta de José Júlio – engenheiro agrônomo formado em 1958, ex-presidente da Academia Cearense de Ciência e integrante da Academia de Ciências de Nova York – foi fundamental para que se criasse a Faculdade de Agronomia no Ceará. Essa faculdade, como lembra o reitor da UFC, professor Jesualdo Farias, em entrevista ao jornal O Povo desta terça-feira, se somou aos cursos de Direito, Odontologia e Farmácia, para a criação da Universidade.
Devemos ressaltar ainda os muitos serviços prestados a novos engenheiros agrônomos no Estado do Ceará, com gerações e gerações de novos profissionais que se dedicam a viabilizar a produção e a fazer o melhor, para nosso povo. Incluindo um grande legado na área de fitopatologia e no combate ao uso de agrotóxicos – quando esse tema ainda não havia sido descoberto pela grande imprensa, nem contava com tanta atenção por parte da sociedade. Foi pelo trabalho de José Júlio da Ponte que foi descoberta a viabilidade da utilização da manipueira (o líquido que sobra da fabricação de farinha de mandioca) para o combate a muitas pragas agrícolas, ajudando a evitar o uso de agrotóxicos e a garantir uma produção sustentável.
Pessoalmente, quero destacar que sempre acompanhei o trabalho do professor José Júlio Ponte, admirando a cada momento a entrega e a obstinação com que ele se lançava àquilo em que acreditou. Além dos méritos intelectuais, o professor sempre foi uma pessoa muito presente, de fácil acesso e de muita coragem, que, mesmo nos momentos difíceis do regime militar, teve um comportamento de não se dobrar. Foi um professor de grande diálogo com a juventude e participou dos movimentos mais avançados. Do mesmo modo, destaco a convivência que tivemos com seu filho, Sandro Ponte, outro grande protagonista das lutas sociais na Universidade. Uma mente privilegiada, assim como José Júlio da Ponte, a quem presto esta pequena homenagem, solidarizando-me com os familiares, entre eles os jornalistas Alan Neto e Sérgio Ponte, atuantes no grupo O Povo de comunicação. A eles, nosso abraço e nosso desejo de perseverança e paz neste momento difícil.
Que o exemplo de José Júlio da Ponte seja sempre lembrado. Que possamos todos contribuir para a manutenção do seu legado, fundamental para a universidade, a ciência, a sociedade.
Muito obrigado.
Fonte: Assessoria do deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE)
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