Paquistão: atentado contra xiitas deixa mais de 60 mortos

A organização paquistanesa Lashkar-e-Jhangvi (LeJ), que segundo autoridades de inteligência tornou-se uma ameaça grandes proporções à segurança do país, assumiu a responsabilidade por um ataque sectário a xiitas que matou pelo menos 62 pessoas (confirmadas até o momento) na cidade de Quetta neste sábado (16).

Paquistão - Arshad Butt/Associated Press

Autoridades dizem que a maior parte dos mortos pertenciam à minoria xiita do Paquistão, que tem sido alvo de ataques de extremistas sunitas que aparentemente agem à vontade para dar cabo de ataques sectários.

"A explosão foi causada por um aparelho explosivo improvisado preso a uma motocicleta", disse o vice-inspetor-geral da polícia em Quetta, Wazir Khan Nasir.

"Isso é uma continuação do terrorismo contra os xiitas".

Mais de 400 xiitas foram mortos no Paquistão no ano passado, muitos por atiradores ou em ataques com bombas, e os agressores quase nunca são presos.

Um porta-voz da LeJ assumiu responsabilidade pelo massacre deste sábado (16) próximo ao principal bazar, escola e centro de informática. Havia sacolas e livros escolares espalhados pelo local.

"Eu vi muitos corpos de mulheres e crianças", disse uma testemunha ocular num hospital. "Pelo menos doze pessoas morreram queimadas pela explosão". Estima-se que o ataque tenha deixado mais de 180 feridos.

No mês passado, o LeJ afirmou ter realizado um atentado em Quetta que matou mais de cem pessoas, um dos piores ataques sectários do Paquistão. Milhares de xiitas protestaram em várias cidades após o ataque.

A maioria das agências de inteligência ocidentais consideram o Taleban e a Al Qaeda as maiores ameaças à segurança no Paquistão, que tem armas nucleares e é um aliado estratégico dos Estados Unidos.

Mas autoridades de segurança do Paquistão dizem que a LeJ tornou-se uma força formidável, dando cabo de ataques em várias partes do país com o objetivo de desencadear guerra sectária, criar caos e instalar uma teocracia sunita.

A crescente violência sectária prejudicou a credibilidade do governo, que já enfrentava críticas antes de eleições em maio por sua incapacidade de resolver pobreza, corrupção e estagnação econômica.

A maioria dos xiitas na região paquistanesa do Baluchistão, do qual Quetta é a capital, são hazaras, um grupo étnico que migrou do Afeganistão há mais de cem anos. O ataque deste sábado (16) foi o pior desde uma série de atentados a bomba em 10 de janeiro que mataram 86 na mesma cidade, quase todos hazaras. Na ocasião muitas famílias se recusaram a enterrar seus mortos, colocando os corpos nas ruas e exigindo medidas do governo.

Após dias de protestos, o primeiro-ministro, Raja Pervaiz Ashraf visitou a cidade e resolveu a crise, demitindo o ministro que comandava a região, junto com seu gabinete.

Fonte: Reuters