Portugal: Gestor da dívida pública recebe 10 mil euros por mês

No ano passado, de acordo com o jornal português Correio da Manhã (CM), João Moreira Rato auferiu 65 mil euros por seis meses à frente do Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP), o que equivale a uma média superior a 10.800 euros por mês, ou a um salário anual de 140 mil euros. 

A remuneração mensal de Moreira Rato é, portanto, superior ao valor ganho em salário e despesas de representação pelo presidente da república e pela líder do Parlamento, Assunção Esteves. Representa ainda o dobro da remuneração paga ao primeiro ministro, Pedro Passos Coelho.

O rendimento deste gestor público anterior ao seu início de funções enquanto presidente do IGCP é, contudo, desconhecido. Na declaração de rendimentos que entregou no Tribunal Constitucional, e que lhe é exigida por lei, omitiu o seu rendimento anual, afirmando apenas que esteve fora do país e que declarou os seus rendimentos no Reino Unido.

Na mesma declaração, Moreira Rato também não referiu ter exercido funções como diretor executivo da Morgan Stanley (corporação multinacional com base nos EUA, de serviços financeiros), conforme adianta o CM.

Antes de ser nomeado presidente do IGCP, o gestor público foi diretor executivo da Morgan Stanley e passou pela Goldman Sachs e o Lehman Brothers, entre outras.

Moreira Rato integrou também, antes das eleições de 2011, o grupo de coordenadores do gabinete de estudos do PSD, que contava igualmente com a presença do atual ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, e a secretária de Estado do Tesouro, Maria Luís Albuquerque.

Segundo os estatutos do IGCP, que, em agosto de 2012, foi transformado em Entidade Pública Empresarial (EPE), “a remuneração dos membros do conselho de administração é fixada por despacho do membro do Governo responsável pela área das finanças, devidamente fundamentado”. Não está, assim, sujeita às regras impostas aos restantes gestores públicos, aos quais não pode ser atribuída uma remuneração superior ao vencimento mensal do primeiro ministro.

Em junho de 2012, e após várias questões do deputado do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, sobre a possibilidade de João Moreira Rato poder ter uma remuneração superior devido à transformação do IGCP para EPE, o ministro das finanças Vítor Gaspar afirmava: "não existe aumento de despesa com as remunerações dos dirigentes do IGCP e não quero ser mais preciso do que fui neste momento".
 
Fonte: Esquerda.net