TRT de Goiás vai julgar juiz suspeito de ligação com Cachoeira
O Tribunal Regional do Trabalho de Goiás (18ª Região) realizará no próximo dia 26 o julgamento do processo disciplinar para apurar as suspeitas de envolvimento do juiz Júlio César Cardoso de Brito com membros de organização ligada ao empresário Carlinhos Cachoeira. A sessão será pública, conforme os termos da Resolução nº 135 do Conselho Nacional de Justiça.
Publicado 13/02/2013 09:07
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As suspeitas de envolvimento de Brito com Cachoeira foram investigadas inicialmente por uma comissão de sindicância, instaurada em maio do ano passado, após reportagens publicadas pelos jornais “O Popular“, de Goiás, e “Correio Braziliense“, de Brasília, por ocasião da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal.
Em julho de 2012, o Tribunal afastou o magistrado. Na véspera, Brito pedira licença de suas funções de vice-presidente e corregedor. Escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal e documentos encaminhados ao TRT pela 11ª Vara Federal Criminal de Goiás sugerem que Brito fazia tráfico de influência e orientava advogados do grupo de Cachoeira a lidar com ações no tribunal.
Brito é suspeito de receber presentes ou promessas de benefícios, como ingressos para eventos artísticos, pacotes turísticos e um carro de luxo (Citroen C4 Pallas), que teria sido parcialmente pago com recursos da organização criminosa.
Troca de favores
O processo inclui 77 ligações interceptadas pela polícia, em que o magistrado conversa com um dos braços direitos de Cachoeira, Gleyb Ferreira da Cruz, a quem Brito trata como “irmão”.
Nas conversas, o juiz discute situação de empresas com ações trabalhistas no TRT de Goiás, entre elas o laboratório Vitapan, controlado pelo grupo de Cachoeira, a distribuidora de medicamentos JC, de um irmão do empresário, e a Ideal Segurança.
Há suspeitas de que uma viagem do magistrado a Buenos Aires foi patrocinada por Gleyb. Numa das conversas gravadas, um operador de Cachoeira discute com Brito a encomenda de um computador que o empresário traria para ele de Miami (EUA).
Fonte: Folha de São Paulo