Gustavo Petta: “A razão de existir do meu mandato é o povo”
Norteado pela trajetória dos comunistas que atuaram na Câmara Municipal de Campinas – cidade localizada a cerca de 90 quilômetros da capital paulista –, o vereador Gustavo Petta inicia mais um capítulo na história de lutas e conquistas do PCdoB no município.
Por Mariana Viel, da Redação do Vermelho
Publicado 08/02/2013 12:02
Único presidente reeleito da história da União Nacional dos Estudantes (UNE) – maior entidade de representação da juventude brasileira –, Petta explica que seu mandato será pautado pelo diálogo constante com a população, movimentos sociais e trabalhadores. “O ideal é dar continuidade à conduta democrática que sempre marcou a atuação dos vereadores comunistas em Campinas”, diz.
Em entrevista ao Portal Vermelho, o vereador comunista afirma que sua atuação legislativa irá priorizar a Educação, o Esporte e a Cultura. Desde que tomou posse, há pouco mais de um mês, Petta colaborou na intermediação do diálogo entre lideranças do movimento sem-teto e a Prefeitura – para evitar o despejo de famílias que ocupavam há meses uma área da cidade.
Ex-secretário de Esportes e Lazer de Campinas (entre 2009 e 2010), ele comenta a deficiência da legislação esportiva na cidade como o principal entrave para o desenvolvimento de novos projetos e ações. “Meu primeiro Projeto de Lei, por sinal, vai nesse sentido: visa assegurar a entrada gratuita de crianças menores de 12 anos a eventos esportivos realizados nos ginásios e estádios de Campinas”.
Leia abaixo a íntegra da entrevista:
Vermelho: Como você analisa o primeiro mês de seu mandato na Câmara de Campinas? Quais são as principais vertentes e áreas de atuação do mandato no Legislativo de Campinas?
Gustavo Petta: Começamos muito bem o primeiro mês de mandato, uma vez que conseguimos, com o apoio de outros vereadores, assumir a Presidência da Comissão de Educação, Esporte e Cultura – que lida diretamente com as três áreas que pretendo priorizar. Quero manter diálogo constante com atores de diversas áreas da sociedade e é dessa forma, ouvindo a população, que temos trabalhado desde o primeiro dia. O ideal é dar continuidade à conduta democrática que sempre marcou a atuação dos vereadores comunistas em Campinas – a começar por Vera Lúcia Pinto Telles, a primeira representante feminina na Câmara Municipal, passando por Armando Ferreira dos Santos, que se destacou na luta contra o fascismo, e culminando em Sérgio Benassi, que honrou o PCdoB por cinco mandatos consecutivos. Meu mandato será uma continuação da luta empreendida por esses camaradas e está vinculado às bandeiras históricas do Partido.
Como você vislumbra as contribuições sociais e as articulações com os movimentos sociais de um mandato comunista no Legislativo da Campinas?
É fundamental. Como eu disse anteriormente, a razão de existir do meu mandato é o povo. Eu não seria eleito se o Partido não tivesse se articulado e se envolvido com os movimentos sociais e os trabalhadores. Nós, comunistas, não podemos atuar sem este norte, que é a participação popular. Logo em minha primeira semana na Câmara, por exemplo, ajudei a intermediar um diálogo entre lideranças do movimento sem-teto e a Prefeitura de Campinas, que tinha recebido ordens para despejar as famílias que ocupavam há meses uma área da cidade.
Você foi secretário de Esportes e Lazer de Campinas (2009 a 2010) e hoje assume um cargo no Legislativo da cidade. Quais as experiências e demandas que você pretende trazer do Executivo para o Legislativo municipal?
Uma grande dificuldade que encontrei como secretário de Esporte foi a deficiência da nossa legislação esportiva. Campinas precisa de uma legislação à altura de sua importância, já que estamos falando de uma cidade de 1 milhão de habitantes e que está voltando a ser reconhecida nacionalmente pela qualidade de seus atletas. Meus esforços serão no sentido de lutar por uma política que garanta leis de incentivo e programas como o Bolsa Atleta no município. Meu primeiro Projeto de Lei, por sinal, vai nesse sentido: visa assegurar a entrada gratuita de crianças menores de 12 anos a eventos esportivos realizados nos ginásios e estádios de Campinas.
Como a aprovação deste Projeto poderá contribuir para fomentar a relação do público infantil no esporte?
A lei da gratuidade tem como proposta fomentar o gosto pela prática do esporte entre o público infantil, além de promover a inclusão social, uma vez que muitas pessoas deixam de frequentar eventos esportivos pelo preço elevado dos ingressos. A lei da gratuidade trará as famílias de volta para os estádios, contribuindo para um clima mais amistoso entre as torcidas. Além disso, os clubes campineiros vão ganhar novos torcedores a curto e médio prazos, pois é durante a infância que a pessoa aprende a gostar de um time – e os times de Campinas têm perdido torcedores para clubes de fora.
A longo prazo, quais serão os benefícios para a prática e a relação de crianças e jovens com o esporte?
Os benefícios são inúmeros. Quanto mais cedo as crianças se envolverem com o esporte, mais chances ela terá de praticar uma atividade esportiva no futuro. É senso comum dizer isso, mas as pessoas que mantêm atividades físicas são mais saudáveis. Sociedades mais avançadas nesta área, como Cuba, sabem que o investimento no esporte nunca é em vão, pois além de formar atletas, acaba formando cidadãos menos suscetíveis a contrair doenças e a desenvolver problemas físicos e mentais.