Carnaval Solidário: Ação da SETRE beneficia catadores

Nos seis dias de festa do Carnaval de Salvador, que acontece esse ano entre os dias 7 e 12/02, mais de 2 milhões de pessoas são esperadas nas ruas, entre baianos e turistas. Tanta gente, em tantos dias de folia, produz uma quantidade de lixo que preocupa autoridades e ambientalistas.

De acordo com balanços feitos pela Limburb, empresa responsável pela limpeza da capital baiana, são geradas no carnaval uma média de 1.400 toneladas de resíduos sólidos. Para ajudar no trabalho da Limpurb e diminuir o mar de lixo que se forma nas ruas, uma figura se torna uma peça-chave: o catador.

É pensando na importância desses profissionais que o Centro Público de Economia Solidária do Estado (Cesol), instituição ligada à SETRE (Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte), desenvolve o Ecofolia Solidária, projeto que visa dar suporte e melhores condições ao trabalho deles.

“O projeto é, antes de mais nada, uma parceria que fazemos com os catadores. Propomos a eles a organização da coleta e da venda dos resíduos, o que resulta em um aumento na renda e no respeito da comunidade. Eles recebem fardamento e passam a ser assegurados por uma marca, por uma instituição que está por trás deles”, defende a coordenadora do Cesol, Kátia Santos.

Kátia explica que, além do fardamento, os profissionais recebem também água, alimentação, protetor para os ouvidos (pela exposição contínua ao som dos trios elétricos), entre outros itens importantes para a atividade. Nos principais circuitos da festa, foram montados quatro pontos para o atendimento e para a compra dos materiais recolhidos.

A compra é feita por cooperativas cadastradas no Cesol, que recebem crédito para poder negociar com os catadores avulsos por um preço justo, de forma que os dois ganhem. Segundo dona Tânia Santana, da cooperativa Canore, do bairro de Santa Cruz, que vai trabalhar no posto do Politema, próximo ao circuito Osmar (Campo Grande), a parceria é muito .

“Esse negócio é mais vantajoso para nós e para os catadores, que têm um local pra vender e receber alimentação. Fico feliz de participar disso”, complementa Tânia, que atua como responsável pela triagem.

Ações secundárias

Além de beneficiar os catadores, que são o público-alvo do projeto, o Ecofolia Solidária também contribui para a geração de renda nas cooperativas comunitárias de Salvador e Região Metropolitana. O material entregue aos catadores, como o fardamento e alimentação, é confeccionado pelas cooperativas, que empregam, em sua maioria, donas de casa.

O Vermelho esteve em duas das cooperativas, a Vovó Conceição (que funciona no Terreiro Casa Branca, na Vasco da Gama) e a Colibris (do Bairro da Paz), para acompanhar o trabalho de confecção do fardamento, já em fase final, na quarta-feira (6), véspera da folia. Só se ouve elogios dos trabalhadores, que terão um ganho a mais nesse carnaval.

“Sempre recebemos materiais pra costurar e é um divertimento para as mulheres da comunidade que vem pra cá e aproveitam para bater um papo, esquecer dos problemas de casa. Os lucros da produção são repartidos de forma igual para todas nós”, explica a coordenadora da Vovó Conceição, Jandira Carvalho, enquanto trabalha a todo vapor para entregar as 400 peças de fardamento que ficou responsável.

Outra ação secundária do Ecofolia Solidária é o combate ao trabalho infantil durante o Carnaval. Um dos pré-requisitos para o cadastramento dos catadores é não levar as crianças para a atividade de coleta dos materiais sólidos nas ruas. Para isso, eles ganham cesta básica para que possam deixar os filhos em casa e garantir a alimentação deles.

Após a festa momesca, os catadores e as cooperativas cadastradas continuam parceiros do Cesol e serão inseridos em outros projetos da instituição, ao longo do ano.

De Salvador,
Erikson Walla
Agradecimentos a Edson Lima