Dirceu: O que está em jogo é a disputa pela alma brasileira
Ontem, pelo segundo dia seguido, tivemos um produtivo encontro para debater os ataques que o PT vem sofrendo de grupos da direita e alertar sobre o que podemos fazer. Desta vez, lotamos o auditório do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais, em Belo Horizonte. O encontro foi organizado pelo PT de Minas, com o apoio das bancadas do partido e do Diretório Municipal da capital mineira.
Por José Dirceu, em seu blog
Publicado 01/02/2013 12:26
Discutimos também os avanços do Brasil nestes dez anos de governo petista e comemoramos os 33 anos de fundação do PT, além de tratar do julgamento da AP 470, chamado pela imprensa de julgamento do mensalão, no qual eu fui condenado sem nenhuma prova.
No debate, eu disse algo sobre o qual já venho alertando aqui no blog: minha condenação foi um instrumento de vingança da direita contra o governo do PT. Tivemos um julgamento político de exceção, que inaugurou um novo ciclo no embate político brasileiro.
Disse ontem e repito agora: o que está em jogo é a disputa pela alma brasileira. Pelo coração e mentes, retirando o foco do momento histórico.
Abaixo eu coloco mais alguns trechos do que eu disse ontem (mais tarde eu posto os vídeos). Mas, antes, quero destacar algumas importantes declarações de companheiros presentes no evento.
O secretário-geral do diretório estadual do PT, deputado Durval Ângelo, afirmou que as condenações sem provas no STF foram um "grande erro" do Judiciário brasileiro: "O mesmo Judiciário que entregou Olga Benário para os nazistas e legitimou a escravidão no século XIX comete outro erro agora".
“Dirceu recebeu uma condenação pelo que significa. Não pelo que ele fez", acrescentou. “Dirceu, nós não temos vergonha de você. Quem tem que ter vergonha é quem lhe condenou sem provas.”
O líder do PT na Assembleia Legislativa de Minas, deputado estadual Rogério Correia, também esteve lá e cobrou do Ministério Público uma posição sobre denúncias entregues em 2011 contra o senador Aécio Neves (PSDB). Elas estão paradas nas mãos do procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Correia também cobrou o julgamento, no STF, do que a imprensa chama de mensalão mineiro.
O presidente do Diretório do PT de Belo Horizonte e ex-vice-prefeito, Roberto Carvalho, foi direto ao ponto: "Querem nos acantoar. Mas não vamos deixar. Vamos continuar lutando".
Ofensiva da direita
Agora coloco alguns outros alertas que fiz no debate, principalmente sobre o que está por trás da tática da oposição em nos atacar:
"O julgamento da ação penal 470 é um divisor de águas porque marca também uma mudança da estratégia, da forma de luta da oposição, numa forma geral da palavra, não só dos partidos políticos."
"Não é só a imprensa. Eles [a direita] estão criando literatura, teatro, cinema, institutos, centros de pensamento, revistas. Construindo através dos meios de comunicação uma bolha, um mundo irreal, fictício, onde há um modo de vida, onde há valores, que está dirigido à nova classe trabalhadora, que tem o nome de classe C, tem o nome de nova classe média"
"Essa é a disputa mais difícil, porque envolve os meios de comunicação, a mídia, a educação. A educação vai se fazer através da internet. E é preciso conteúdo. Quem está produzindo conteúdo? Os grande grupos privados de direita."
"Getúlio Vargas foi levado ao suicídio porque um mar de lama existia por debaixo do Palácio do Catete. Mas o povo deu a resposta no dia 25 de agosto, indo para as ruas. Depois elegeram Juscelino Kubitschek e João Goulart, de vice, que era o herdeiro de Getúlio Vargas. Nós elegemos dois presidentes. É sintomático."
E mostrei novamente que o julgamento foi político:
"Sabem que somos honestos e que essa é uma questão de caixa dois eleitoral. Temos que prestar contas, mas não tem nada de maior esquema de corrupção do país."
"A Ação Penal 470, o mentirão, e não mensalão, não foi concluída. Se estivesse, estaríamos presos. Há os embargos, os embargos declaratórios, os embargos de revisão.”
“É evidentemente que o debate é político, mas o debate também é jurídico. Nós queremos os embargos declaratórios, infringentes e revisão criminal. Acredito na Justiça tanto que constituí um advogado. Mas tem um problema grave. As provas quanto à nossa inocência estão nos autos.”
"Não há uma prova de compra de votos no Congresso. Os empréstimos que o PT fez, que o Genoino e o Delúbio assinaram, foram legais. Tanto são legais que os bancos executaram o PT e bloquearam seus bens. O PT fez acordo e pagou. Tanto são legais, que o TSE exigiu que o PT prestasse contas de que o dinheiro foi emprestado pelos bancos, foram gastos segundo a legislação eleitoral. Inclusive, dosou um gasto secundário que o partido teve de restituir. Nada de desvio de recursos ou de uso indevido, nada de ilícito."