Dirceu conclama defesa de Lula contra ofensiva da direita
O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu convocou na noite desta quarta-feira (30) a militância do PT e demais forças progressistas nacionais a defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do que chamou de "ofensiva da direita" contra sua imagem.
Publicado 31/01/2013 09:05
Em ato em defesa da anulação do julgamento do "mensalão", no Rio de Janeiro, Dirceu afirmou que a análise das denúncias de Marcos Valério pelo Ministério Público Federal tem como objetivo enfraquecer Lula e o governo da presidenta Dilma Rousseff. Ele defendeu que militantes se manifestem não só contra a decisão do Supremo, mas também em defesa do ex-presidente.
"A necessidade dessa luta política não é apenas pelo [decidido no] julgamento. É enfrentar a ofensiva que está havendo contra o companheiro Lula e contra o governo da presidenta Dilma. É preciso enfrentar a ofensiva que a direita está fazendo no país contra o nosso projeto político", disse Dirceu, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa lotado, com mais de 600 pessoas.
O ex-ministro disse que a oposição procura "quebrar as alianças" construídas pelo PT. Afirmou também que há a tentativa de "desconstituir a ligação que o Lula tem com o povo". Ele criticou inclusive correligionários, que não se manifestaram contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
"Aonde estão os nossos? Quando o procurador da República diz que vai enviar para os procuradores de primeira instância as denúncias do Marcos Valério sobre as relações com o presidente Lula, quem é que foi para a tribuna denunciar isso?"
Dirceu criticou ainda os ministros do STF e o julgamento, que classificou como "de exceção". "Quem fala em nome da nação é o Congresso Nacional, o parlamento brasileiro. Ministro do Supremo não fala em nome da nação", disse.
Silêncio nunca
Ele disse que, mesmo cumprindo pena – pela condenação na Ação Penal 470 –, não deixará de criticar a decisão do Supremo. "Pode ser regime fechado, pode ser segurança máxima, pode ser solitária. Não vão me calar. Eu vou lutar."
Ele defendeu as manifestações das quais tem participado para criticar a condenação dos envolvidos. O ex-ministro tem atos marcados em Belo Horizonte e Brasília antes do Carnaval.
"Sempre que digo para ir às ruas, dizem que é uma afronta à democracia e ao STF. Pelo contrário, é um serviço que fazemos à democracia e à Suprema Corte. Temos que fazer a disputa do que foi o julgamento, o julgamento do julgamento. Tamos que fazer uma anticampanha. Foi feito uma campanha para criar as condições para que o julgamento se desse como se deu", disse ele.
Dirceu criticou ainda a mídia por, segundo ele, afirmar que ele enriqueceu no governo.
"Sofri uma devassa da Receita por três anos, de 2006 a 2009. Recebi um atestado de honestidade. Mas toda a imprensa divulga como se eu tivesse me enriquecido no governo e no mensalão. Há uma campanha de tentar nos desmoralizar"
PCdoB
Em nota divulgada em 3 de dezembro do ano passado, o Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) manifestou sua crítica ao processo de julgamento da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal. A maior instância partidária dos comunistas brasileiros afirma que em diversas ocasiões o STF adotou posicionamentos favoráveis à democracia, mas lembra que como os demais poderes da República, não é infalível.
"Neste caso, sob intensa pressão da mídia, marcou o julgamento para as vésperas de uma eleição, chegando a sentenças injustas e desproporcionais, em um julgamento de exceção que foi, assim, de caráter eminentemente político", diz o documento.
Os comunistas conclamam ainda a união de amplas forças democráticas "para avançar nas reformas democráticas e para enfrentar o recrudescimento dos ataques do conservadorismo. Estes ataques não hesitam em debilitar e ferir direitos e garantias democráticas consagrados na Constituição, tais como a exigência de provas para a condenação, a presunção de inocência e o direito de resposta para pessoas e instituições ofendidas injustamente pelos meios de comunicação".
Com informações da Folha de S.Paulo