Equilíbrio do mundo: Cuba faz Conferência e homenageia José Martí
Realiza-se em Havana, capital de Cuba, entre os dias 28 e 30 de janeiro a terceira conferência internacional pelo Equilíbrio do mundo, uma das atividades dedicadas á celebração do aniversário de 160 anos do nascimento de José Marti. Nestes dias Cuba acolhe a presença de mais de 600 delegados nacionais e estrangeiros, de todos os continentes.
Por José Reinaldo Carvalho, para a Rádio Vermelho
Publicado 24/01/2013 11:09
Entre estes estão o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o prêmio Nobel da Paz, Adolfo Perez Esquivel, o jornalista francês Inácio Ramonet e a presidenta do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes.
Os cubanos celebram Martí com a certeza de que continuam vigentes as suas ideias. Ele foi o apóstolo da independência cubana, prócer das lutas pela unidade e integração dos povos da América Latina e Caribe. Em um mundo dilacerado por contradições, instabilidade, crises e guerras, as ideias de José Martí podem contribuir para que a humanidade reencontre caminhos e rumos por onde trilhar para buscar o progresso social, a liberdade, a autodeterminação dos povos e nações, a paz, a justiça e a felicidade.
O pensamento e a obra do Herói Nacional de Cuba são os de um homem de raro talento e refinada sensibilidade, o publicista e o combatente que interpretou os problemas da época em que viveu e vislumbrou o futuro, do líder que foi capaz de fundar o Partido Revolucionário Cubano que organizou e conclamou à guerra contra o colonialismo espanhol, o pensamento e a obra de um gigante, o que levou o comandante da Revolução Cubana, meio século depois do desaparecimento físico de Martí, a considerá-lo o inspirador e autor intelectual desta façanha vitoriosa em 1º de janeiro de 1959.
O pensamento e a obra de José Martí seguem vigentes e contêm um legado político-ideológico humanista e latino-americano, com profundo sentido social porque orientado para os pobres da Terra”, como ele dizia, e patriótico, porque voltado para a conquista da indpeendência de seu país.
Martí dizia que “de Nossa América se sabe menos do que é indispensável e urgente saber”. Ainda hoje, nós, latino-americanos precisamos compreender e explicar para o resto do mundo o significado dos acontecimentos que estão em curso em nossa região. Aqui as contradições econômicas e políticas geraram um cenário de luta com peculiaridades históricas, cujo resultado foram vitórias políticas e eleitorais de forças progressistas, democráticas e populares, o que criou uma tendência para a obtenção de conquistas nos planos democrático, dos direitos sociais e da afirmação das aspirações patrióticas dos povos, como também da integração com soberania.
Hoje, estão em construção mecanismos de integração regional que permitem assumir posições vantajosas em um cenário mundial de crise econômica e acentuados conflitos, abrindo a possiblidade de edificar novas alternativas para o desenvolvimento e de constituir um polo geopolítico que produz novas correlações de forças.
A maior expressão desse fenômeno é a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), cuja reunião de cúpula, com a presença de chefes de Estado e de governo realiza-se nestes dias em Santiago do Chile. Nesta mesma ocasião Cuba assumirá a presidência do bloco.
Trata-se de uma verdadeira revolução institucional de fato, considerando-se que a nova organização reúne pela primeira vez na história em um mesmo fórum os 33 países independentes da América Latina e do Caribe, sem os Estados Unidos e o Canadá. A Celac, com a variedade de experiências políticas e de modelos socioeconômicos e um patrimônio histórico-cultural com matriz comum, é a experiência institucional que mais se aproxima do sonho de integração e independência de Martí e Bolívar. O seu advento assinala o dobre de finados do pan-americanismo inseminado pela Doutrina Monroe e desenvolvido com a orientação política que no começo do século 20 foi batizada de “Corolário Roosevelt”. Por conseguinte, a nova entidade integradora é o marco miliário de um novo pan-americanismo, o da Nossa América, aquele que corresponde à vontade de povos soberanos a abre caminho para a conquista da segunda independência.
Isto assume ainda maior significado, se se tem presente que para além da postura patriótica e a decisão de afirmar a soberania nacional, o bloco se orienta – malgrado inevitáveis diferenciações – pela luta por objetivos de inclusão social, crescimento com igualdade e desenvolvimento sustentável.
São muitas as reflexões de profundidade que se fazem nesta Conferência sobre a profunda crise sistêmica e estrutural do sistema capitalista-imperialista, sobre as políticas opressivas das potências imperialistas e da burguesia monopolista-financeira sobre os trabalhadores e os povos. Igualmente a Conferência passa em revista e denuncia as políticas antidemocráticas, militaristas e de guerra que criam uma situação de instabilidade e insegurança em todo o mundo e violam a liberdade, a soberania nacional, põem em risco a paz mundial e violam o direito internacional.
As forças políticas que se insurgem contra este estado de coisas precisam inspirar-se também no pensamento de José Martí.
As mudanças almejadas pelos povos não virão espontaneamente nem como resultado automático dos novos arranjos econômicos e políticos em gestação. Serão fruto da resistência, da mobilização social e da luta em múltiplas vertentes e cenários, lutas que já estão em curso, protagonizadas por governos socialistas, revolucionários, progressistas, de esquerda, por partidos de vanguarda, movimentos sociais, em que se destaca o insubstituível papel das classes trabalhadoras, da juventude, das mulheres, da intelectualidade progressista, as rebeliões das massas populares, os movimentos de resistência às guerras imperialistas de agressão e ocupação de países, as lutas de libertação nacional. Estas lutas têm tudo a ver com o legado deixado pelo grande cubano.
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