Brasil precisa de Plano Nacional de Extenção Universitária
Formar cidadãos capazes de problematizar a realidade à sua volta e encontrar soluções. Essa foi a principal preocupação nas falas de convidados e estudantes que participaram, durante a tarde deste sábado (19) do debate “Extensão como componente fundamental da formação acadêmica” no 14º CONEB da UNE, na Universidade Federal de Pernambuco.
Publicado 21/01/2013 15:39 | Editado 04/03/2020 16:56
Para a discussão do tema, estiveram presentes Sandra de Fátima Batista de Deus, coordenadora do Fórum Nacional de Pró-reitores de Extensão (Forproex), Lucas Ramalho Maciel, coordenador de Relações Estudantis do Ministério da Educação (MEC), Mariana Berto Leal, membro da Comissão Nacional do VER-SUS e Antonio nanias – Militante da UNE e participante do Projeto Rondon. Na plateia, extensionistas, cuqueiros e interessados vindos de todos os lugares do país participaram com ideias e propostas.
O representante do MEC trouxe números e informações para a reflexão de uma política nacional de Extensão. “Temos programas de Extensão como Projeto Rondon, o Proext, e o Programa Josué de Castro – que está em elaboração e quer articular o município com a universidade, além de garantir uma bolsa para os recém-formados. Porém falta um sistema articulador entre todos. Precisamos de uma política para encarar a Extensão como um canal entre a sociedade e a universidade, enquanto inovação tecnológica, não assistencial, mas para a produção de conhecimento”, destacou.
Para a coordenadora do Fórum de Pró-reitores as mudanças têm ocorrido e a universidade não está mais encastelada. Sandra afirmou que o desafio deve ser vencido pelos estudantes. “Nós viemos contribuindo para que a universidade possa entender a Extensão. O governo precisa que cada instituição de ensino e os estudantes se conscientizem. Deve haver um entendimento dos outros sobre o seu projeto. Isso é difícil porque implica em uma avaliação sobre o seu trabalho, sobre a sua universidade. É fundamental entender que fazer extensão é submeter-se à avaliação da sociedade. Por que os projetos dependem da comunidade envolvida”, destacou.
Ela disse ainda que o movimento estudantil tem um papel muito importante nesse desafio. “O estudante deve compreender o papel da Extensão na sua formação assim como no movimento estudantil”, afirmou.
O representante da UNE que compôs a mesa ressaltou que os projetos de extensão devem visar em primeiro lugar as carências do povo brasileiro, consciência que, segundo ele, o Projeto Rondon traz para os participantes. “O estudante que vai para o Projeto Rondon volta muito mais humano. Ficar só dentro da universidade, só com a teoria, só com o livro, só com as palavras bonitas não vai mostrar para ele a realidade, que é muito diferente. O Rondon vai justamente onde está se está mais precisando do conhecimento produzido dentro da universidade”, elogiou.
A representante do SUS Mariana Berto Leal falou sobre o projeto VER SUS que tem como objetivo colaborar com a formação de profissionais com atitude crítica. “A Extensão não deve cumprir uma lacuna com o Estado, substituindo as políticas públicas, mas sim contribuindo. Nosso projeto quer mostrar o SUS como uma escola. Não só de serviço. Mas como possibilidade de engajamento social dos estudantes. O VER SUS é experiência de imersão. Um cenário de formação dos profissionais de saúde com compromisso com a sociedade”, explicou.
No final os jovens levantaram ponderações importantes, por exemplo, sobre como a Extensão deve travar um diálogo com outros segmentos e nunca desvalorizar os valores populares, entender as contradições, compreender as trocas com a comunidade e servir como modelo para qualificação das políticas públicas.
O coordenador de mobilização e articulação do CUCA, Rafael Buda, finalizou dizendo que o debate sobre o tema continua, inclusive dentro das pautas do circuito universitário e de todo o movimento estudantil: “Vamos lutar para que a extensão entre para a grade curricular da universidade”, prometeu.
Fonte: Site Surgiu.