"Além de fiscalizar, vamos contrapor", diz novo líder da oposição
Rubens Pereira Júnior (PCdoB), futuro líder da oposição na Assembleia Legislativa, revela pontos que serão abordados durante dois anos à frente do Bloco do Oposição ao governo Roseana Sarney
Publicado 21/01/2013 11:49 | Editado 04/03/2020 16:47
Ele assumirá dia 04 de fevereiro o posto de líder da oposição na Assembleia Legislativa do Maranhão. Parte da composição de jovens deputados da Assembleia Legislativa do Maranhão, Rubens Pereira Júnior (PCdoB) disse em entrevista exclusiva a O Imparcial que a oposição vai subir mais o tom nestes próximos dois anos, começando pelo questionamento aos empréstimos do governo. Apesar de dizer que a manutenção do PPS no bloco de oposição não significa aliança para 2014, o novo líder da oposição conta que espera ter o partido no palanque de Flávio Dino.
Para o deputado, não há problema entre PSB e PCdoB nem em São Luís, nem em Timon, onde o vice-prefeito comunista recusou secretaria oferecida pelo prefeito Luciano Leitoa (PSB). Para o partido de Flávio Dino, a maior ajuda de Edivaldo Holanda Júnior (PTC) as pretensões de 2014 será fazer uma grande gestão em São Luís. Ele diz ser favorável à aliança institucional entre governo e prefeitura.
Qual será o papel da oposição no Maranhão, agora sob sua liderança na Assembleia?
O papel da oposição continuará o mesmo: fiscalizar sem radicalizar. Verificar se as ações do governo estão satisfazendo a população. Mas além de fiscalizar temos que contrapor, mostrar o que faremos de diferente. Defendemos um projeto político diferente do que está posto. Então mais do que criticar, vamos sugerir. Isso resulta em debates políticos, pedidos de informação e projetos de Lei. Teremos nos próximos dois anos uma oposição com um tom acima. Não por conta da minha pessoa, mas porque os dois primeiros anos ainda são de reconhecimento do terreno, e a coisa esquenta nos dois últimos.
Neste começo de período de legislativo que iniciará em fevereiro, quais serão os principais pontos que a oposição questionará o governo?
Neste primeiro momento, a questão do empréstimo, já que o índice de endividamento é alarmante. Com este último totalizou 4,5 bilhões sem que a sociedade maranhense tenha sentido retorno. Protocolamos o pedido de informação na Casa Civil sobre como foi gasto dinheiro dos primeiros empréstimos na última quinta-feira, (17). Além disso, acompanhar os atos do governo e suas ações. Por exemplo, a governadora prometeu que agora entregará os 72 hospitais. É a terceira promessa que ela faz sobre este assunto. Queremos saber de quem é a culpa pelo atraso. As praias estão poluídas ou não. Índice de criminalidade subindo. São alguns temas que têm que ser abordados logo.
A oposição foi quase dizimada neste período de recesso com a possibilidade de saída do PPS. Como foi a articulação para manter o PPS no bloco?
Tudo dentro das articulações políticas que é legítimo. No final o bloco continuou como estava com cinco deputados. Permanecendo os três partidos: PCdoB, PPS e PSB. Entendemos que o melhor era o bloco continuar. Isso não é necessariamente aglutinação para 2014, que se discutirá em 2014. Montamos este bloco com o objetivo de melhor contribuir para o parlamento em 2013. Temos que parar de pensar somente em eleição.
Apesar de dizer que não é uma formação para 2014, acredita-se que a deputada Eliziane Gama estará no mesmo palanque que o PCdoB em 2014?
Eu torço para isso. Mas é legítimo dela propor o debate político. Mais importante do que debater Flávio Dino é debater o Maranhão. Quem se colocar com bons projetos, caminharemos juntos.
Existe uma crítica em movimentos políticos de oposição no Maranhão quanto à pessoa do Flávio Dino, por não ser tão ligado às raízes políticas, não estar muito próximo dos movimentos aqui no Estado. Você vê isso como uma dificuldade?
Eu entendo que ele é próximo dentro das possibilidades. Ele entrou na política há pouco tempo, em 2006. É natural que não tenha este relacionamento com toda a classe política porque não se constrói de uma hora para outra. Mas é absurdamente maior do que fora em 2010. Ele não está mais hoje pelo cargo que ocupa como presidente da Embratur. Acho que logo vamos discutir até quando é importante o Flávio ficar na Embratur e ficar mais no Maranhão. Mas insisto, o debate não deve ser em torno da pessoa do Flávio, mas de ideias e teses. Mesmo quando o Flávio não está aqui, o PCdoB está fazendo política.
Existem informações de atritos entre PCdoB e PSB na capital e no interior. Como está a relação hoje destes dois partidos? Considera que existe uma crise em Timon?
Se existe atritos, é natural de dois aliados. Acho que o PSB é o principal aliado nacional, e municipal, sendo o que mais coligamos no interior do Estado ano passado. Acho que nada quebrará esta harmonia. É uma aliança programática. Em Timon, o PCdoB indicou duas secretarias, tem o vice-prefeito Danísio que terá estrutura administrativa na vice. Apesar dele ter devolvido a secretaria de Saúde, esse fato em nada se caracteriza como distanciamento.
O PCdoB ajudou a eleger o prefeito Edivaldo Holanda Júnior e participa efetivamente da gestão com três secretarias importantes. Até que ponto a prefeitura de São Luís ajuda ou atrapalha para 2014?
Não é nem que ajude ou atrapalhe. O Edivaldo foi eleito com o ideal da renovação, de mudança de prática. Provar em São Luís que vale a pena acreditar na mudança, é um grande passo para 2014. O Edivaldo ajuda muito fazendo um grande governo. O PCdoB ajudará com grandes quadros. Por exemplo, na Educação, o Allan Kardec é um técnico qualificado e já mostra que fará diferente na Educação.
A parceria institucional entre prefeitura e governo na capital pode atrapalhar o projeto da oposição, dando mais visibilidade ao governo do que a prefeitura?
Não. Pelo contrário. Isto é um exemplo de nova gestão. São adversários políticos, e o Edivaldo já deu provas suficientes disso, que, no entanto, sentam e discutem o bem da população. O governo não é de propriedade da governadora. É um bem público para servir a maioria da população. O que não pode é em uma parceria institucional ser instituído através de um leilão de quem quer que seja um dos lados.
Como o Bloco da Oposição vê a possível volta do secretário de Saúde, Ricardo Murad à Assembleia?
Ele tem que se decidir até o dia da posse. Foi eleito também com o voto da oposição, pois houve um acordo para manter a proporcionalidade na Mesa. Só diremos algo depois da manifestação pública dele. Mas ele não pode conciliar o mandato com a secretaria. Ele terá que optar. Qualquer mudança no Regimento para permitir que o secretário seja 1º vice-presidente, a oposição votará contra. São duas funções incompatíveis.
Fonte: Jornal O Imparcial