PIB da Alemanha recua 0,5% no último trimestre de 2012

Dados divulgados nesta terça-feira (15) revelam que a economia alemã recuou 0,5% no último trimestre de 2012. Até então considerado o bastião da resistência contra a recessão, o país terminou 2012 com expansão de apenas 0,7%, bem abaixo do esperado e das taxas de crescimento de mais de 3% em 2011 e 2010.

Para 2013, projeções já apontam que o crescimento seria de apenas 0,5%, menos da metade do prognóstico inicial do governo. Os resultados são considerados alarmantes. Para analistas, isso não seria motivo para compensar o impacto da contração na economia.

A retração do último trimestre foi a maior em três anos e, ainda que a queda seja inferior aos índices dos países do sul da Europa, o resultado terá repercussão importante no restante do bloco. "Esse é mais um sinal de que a economia europeia vai se contrair de forma brusca", declarou Bem May, pesquisador da Capital Economics.

Incerteza

As incertezas sobre a zona do euro, segundo os alemães, levaram empresas a frear investimentos, o que afetou a produção. "Empresários seguraram investimentos diante da crise da dívida", disse Jorg Kramer, economista-chefe do Commerzbank. Já o consumo doméstico, que havia mostrado resistência em 2010 e 2011, também deu sinais de fraqueza. O resultado foi sentido principalmente no setor de indústria e construção.

Outro motivo para o freio de 2012 e início de 2013 foi a queda no avanço das exportações, um dos pilares da economia alemã. Em 2012, a alta foi de 4,1%, abaixo do crescimento de quase 8% de 2011. Com a austeridade atingindo a renda de milhões de europeus, os mercados do sul do continente registraram quedas dramáticas para a venda de produtos alemães.

Resultados da política austera

De certa forma, analistas apontam que Merkel estaria tomando um pouco do próprio remédio que receitou aos "pacientes doentes do sul". Ou seja, a austeridade imposta pela Alemanha aos demais países, que acabou significando o corte de investimentos e de salários.

O resultado só não foi pior graças ao volume de exportações da Alemanha a EUA, China, Brasil e outros mercados emergentes, que continuaram importando bens do motor da Europa.

Fonte: O Estado de S. Paulo