Pesquisa revela que confiança na BBC diminuiu
Na véspera da aguardada publicação do inquérito Nick Pollard, uma pesquisa de opinião realizada pelo MediaGuardian mostrou que quase metade do público perdeu a confiança que tinha na BBC até o começo do escândalo Jimmy Savile. O inquérito Pollard apura as circunstâncias envolvendo o cancelamento da investigação que faria o telejornal Newsnight sobre as atividades do finado apresentador.
Publicado 29/12/2012 23:00
Uma pesquisa conduzida pela agência de marketing Conquest Research & Consultancy entre 24 e 26 de novembro constatou que 49% das pessoas que responderam confiam menos na BBC do que antes dos “recentes acontecimentos” – uma referência à demora na identificação de Lorde McAlpine pelo programa NewsNight [que o caluniou], assim como o deprimente abuso do escândalo sexual revelado pela emissora concorrente ITV. Daqueles que responderam, 19% dos 300 entrevistados disseram que confiam na BBC “muito menos do que antes”, enquanto 30% confiam na corporação “ligeiramente menos do que antes” de uma controvérsia de seis semanas que acabou levando à saída do diretor-geral, George Entwistle, que ficou menos de dois meses no cargo, por ocasião do erro de informação sobre McAlpine.
David Penn, diretor-administrativo da Conquest Rersearch, advertiu que as consequências da catástrofe Savile/Newsnight “poderiam muito bem produzir uma decadência permanente no status da BBC”, embora ele tenha acrescentado que o que vinha mantendo o equilíbrio da emissora era a percepção de que se tratava de um “tesouro nacional”, o que significava que continuava sendo o veículo mais confiável no Reino Unido.
“Mais uma trapalhada que uma conspiração”
Uma minoria significativa – 33% – também culpou a BBC pelo “comportamento de Jimmy Savile”, embora existam suspeitas de que ele utilizasse para os supostos casos de abuso sexual o hospital Stoke Mandeveille, o hospital Broadmoor e a escola para Meninas Duncroft, próximo a Staines, assim como outras instituições de que era sócio.
Quase metade das pessoas que responderam – 48% – considera o “caso Savile” “a pior crise” da história da BBC. Quando lhes foi perguntado se a BBC precisa de uma revisão completa, 62% responderam que sim (28%, concordando enfaticamente e 34% concordando parcialmente). Mas talvez o mais inquietante para a corporação, que é mantida por dinheiro público, é que 54% dos entrevistados concordaram que a cota anual de £145.50 da licença estatal (cerca de R$ 495,00) é jogar dinheiro fora e deveria ser abolida (34% concordaram enfaticamente e 20% concordaram parcialmente). A licença estatal para as cotas está em vigor até 2017, mas as negociações para uma próxima fase terão início daqui a dois anos.
Ainda a fonte mais confiável
No entanto, e apesar do prejuízo causado à percepção do público, a empresa Conquest Research constatou que a BBC continua, com bastante vantagem, a fonte mais confiável do noticiário britânico, com 39% que responderam escolhendo-a como a mais confiável, à frente da ITV (13%), Sky News (10&), o jornal The Guardian (8%) e o Daily Mail (6%).
A pesquisa constatou que 46% das pessoas que responderam continuam achando a BBC uma instituição vital, contra 20% que acham dinheiro jogado fora. Além disso, 61% concordam que seria “um desastre se o Reino Unido perdesse a BBC” (36% concordando enfaticamente e 25% concordando parcialmente).
No total, a consultoria Conquest Research concluiu, a partir da pesquisa, que há uma base de apoio e boa vontade para com a BBC, mas isso pode ser desgastado. “A percepção é de que foram cometidos erros genuínos e que estão sendo feitos esforços para repará-los de uma maneira transparente e crítica – assim como os eventos mais recentes, na verdade, constituem mais uma trapalhada que uma conspiração”, disse Penn.
A Conquest Research realizou a pesquisa com uma amostragem de 300 indivíduos, usando a metodologia conhecida por Metapohorix, uma ferramenta de pesquisa online que usa visualização para responder às perguntas, método que visa a capturar a reação emocional das pessoas, ao invés de responder sim ou não, ou assinalar de 1 a 10. Informações de Jason Deans [The Guardian, 18/12/12].
Fonte: Observatório da Imprensa